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domingo, 13 de fevereiro de 2011

DISCURSOS CONFORME A ONDA


Para o dr. Jardim tudo isto pouco importa. Quanto mais instabilidade por lá, pensa ele, melhor para a sua actuação política. Na instabilidade poderá ganhar mais uns euros nas transferências financeiras, por força da sua pressão e chantagem. Dir-se-á que, enquanto por aqui ele sentir que está "estável", o País que se amanhe! Tem sido sempre assim e é por isso que actua como "bombista" político.



Antes era a favor, agora é contra. Vá lá perceber-se! Há dias, logo que cheirou a moção de censura, o presidente do governo regional posicionou-se na primeira fila do combate ao Governo da República, apoiando qualquer uma, surgisse de onde surgisse. Agora, porque os ventos não estão a favor, veio dizer que apoia qualquer uma menos a do Bloco de Esquerda. A justificação, completamente esfarrapada, é que o BE é contra a Zona Franca da Madeira. Mas, afinal, o que tem a ver uma coisa com a outra? Do meu ponto de vista, nada, rigorosamente nada. Uma coisa é a condução dos destinos do País e as críticas que podem ser feitas relativamente à governação; outra, é a questão particular da Zona Franca que corresponde a diversas leituras político-partidárias que devem ser respeitadas. Mas ele é assim, o que fazer! Hoje diz uma coisa, amanhã outra. Tudo conforme a onda, ao ponto do Deputado Dr. Guilherme Silva, que normalmente se verga ao discurso político do dr. Jardim, ter sido apanhado em posicionamento divergente. 
Mas, a propósito da moção de censura, já aqui escrevi, tenho por assumido que, no momento que o País atravessa, uma eventual queda do governo seria desastrosa para a economia e para a confiança externa de quem dependemos. Seriam vários meses de governo em gestão de assuntos correntes. E os próximos dois anos serão determinantes na redução do défice e isso, apesar de todos os constragimentos, só poderá ser operacionalizado num clima de alguma estabilidade.
Em 2013 o País terá eleições legislativas regionais e aí o Povo estará em condições de examinar o percurso da governação socialista na XVIII Legislatura e impor o seu veredicto. Entendo, por isso, neste contexto, que a moção do BE não se destina a derrubar o governo, mas enquanto oportunidade, legítima, de o confrontar com o actual quadro económico e social.
 Aliás, neste momento, sobressaem dois aspectos: primeiro, o PSD mostra-se frágil pois critica mas não apresenta um quadro de referências políticas (conteúdos) a partir das quais os eleitores se revejam como alternativa. Por isso, dá sinais de estar na fronteira entre o visível desejo de regressar ao poder e sentir que lhe faltam os argumentos; em segundo lugar, pelas sondagens de opinião, o que se verifica é que tudo continuaria na mesma. Uma vitória de Sócrates ou de Passos Coelho seria sempre por diferenças não signicativas (mesmo com a ajuda do CDS), o que levaria, novamente, a uma situação de instabilidade. E tanto assim é que os partidos demonstram sérias cautelas no discurso político.
Agora, para o dr. Jardim tudo isto pouco importa. Quanto mais instabilidade por lá, pensa ele, melhor para a sua actuação política. Na instabilidade poderá ganhar mais uns euros nas transferências financeiras, por força da sua pressão e chantagem. Dir-se-á que, enquanto por aqui ele sentir que está "estável", o País que se amanhe! Tem sido sempre assim e é por isso que actua como "bombista" político. Talvez, por isso mesmo, nunca conseguiu nem conseguirá sair da Madeira para um lugar de outra dimensão.
E nesta história de moções, por aqui o PCP também apresentou (ou irá apresentar) uma contra o governo regional. É óbvio que, com eleições dentro de oito meses, esta moção inscreve-se no quadro do combate político e como única forma de levar ao Parlamento o Presidente do Governo. Se for...
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Admiro a sua paciência.
Mas ainda se preocupa com o que deita da boca para fora o Dr. Jardim?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Preocupa-me, Caríssimo, pelo facto de, por estas e muitas outras, todos os que aqui vivem, no futuro, virem a pagar os disparates de um só homem.
Neste momento já não sei se, de um só homem ou de um homem só.