O Jornal da propaganda e os seus articulistas escrevem aquilo que, dando o benefício da dúvida, são até capazes de não sentir. Têm de escrever porque são pagos para isso. "Princípios e valores", afinal, o que é isso? Apenas palavras para consumo imediato. Ficam bem perante o senso comum. Os que assim escrevem tentam passar por "santinhos", quando, à lupa, acabam por ser a imagem do "chefe" embora, por vezes, de forma mais polida. Porém, a intenção é a mesma.
Li, esta manhã, em diagonal porque me falta a paciência, confesso, no Jornal da propaganda do PSD, apoiado pela Igreja Católica, uma lapidar frase de um articulista: "(...) O meu conceito de família deplora quem faz ataques pessoais seja a políticos ou a qualquer outro semelhante. Temos de saber honrar os princípios e os valores e os nossos compromissos". Eu diria que se trata de uma frase politicamente correcta, que soa bem e que qualquer leitor aprova sem qualquer reticência. O problema é que não passa disso mesmo, de uma frase ou de uma conjugação de palavras que não corresponde, do ponto de vista político, a um posicionamento verdadeiramente sentido. E sublinho isto porque nunca aceitaria, mas nunca, pertencer a um partido em que, desde o "chefe" a muitos outros, passassem todo o tempo a insultar e a ofender com frases e posições do mais grotesco e agarotado que se possa imaginar. Todos sabem que é assim, não estou aqui a escrever sobre um assunto que suscite alguma dúvida. Todos conhecemos, por exemplo, o repertório do Dr. Jardim, as suspeitas lançadas, as ofensas perpetradas, o achincalhamento público, o trator das palavras que espezinha quem se apresenta com uma opinião diferente, o palco e o dedo em riste contra todos, amedrontando e colocando em sentido os demais. A questão é precisamente esta, afinal, onde está o conceito e o respeito pela (...) "família" (dos atingidos), onde se encontra, genericamente, essa condenação aos "ataques pessoais seja a políticos ou a qualquer outro semelhante"?
Mas o Jornal da propaganda e os seus articulistas escrevem aquilo que, dando o benefício da dúvida, são até capazes de não sentir. Têm de escrever porque são pagos para isso. "Princípios e valores", afinal, o que é isso? Apenas palavras para consumo imediato. Ficam bem perante o senso comum. Os que assim escrevem tentam passar por "santinhos", quando, à lupa, acabam por ser a imagem do "chefe" embora de forma mais polida. Porém, a intenção é a mesma.
Escrevo, muitas vezes, de forma politicamente contundente, mas ninguém pode-me acusar de ter ofendido, no plano pessoal, as figuras do regime, desde o "chefe" aos restantes. Mas, na vida que levo de opositor ao regime, sei tudo quanto fizeram e continuam a fazer a tanta gente. Aos meus amigos e a mim próprio. Como para sair a uma porta nunca precisei de meia-hora para enrolar o rabo, esqueço com facilidade e com todos mantenho a cordialidade sem ressentimentos. Ensinou-me um velho professor: "anda sempre com o apagador na algibeira. Assim poderás apagar o que não te interessa, ficando assim as coisas boas da vida". Sigo esse conselho.
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
É a chamada VOZ do DONO.
Muitos de nós ainda se lembram desta discográfica.
Senhor Professor
Cada Ditadura tem os seus "Antónios Ferros"...
Caro amigo
Um pouco de humor (que nada tem de saudosista apesar de se situar nos tempos do salazarismo), não faz mal a ninguém.
A referência que o Pica miolos fez ao António Ferro lembra-me uma anedora que constava na altura. Dizia-se então que o velho ditador ia ganhar o prémio nobel da química por ter transformado o ferro em corno!...
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