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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SEM DINHEIRO MAS A LOUCURA CONTINUA


Enfim, de cofre vazio mas a loucura continua. Atitude semelhante ao sujeito viciado no jogo que, mesmo sem dinheiro, continua a jogar forte, a hipotecar a sua vida e a dos outros.



A edição de hoje da imprensa diária, inevitavelmente, focou as declarações de ontem do Vice-Presidente do Governo em S. Vicente, as deliberações do plenário de governo (julgo que terá reunido com a sua presença) e, ainda, no caso do Diário Cidade, as posições assumidas pelo Secretário do Plano e Finanças Ventura Garcês. O leitor que tome em consideração estas duas posições: a primeira do Secretário que, sejamos claros, assume que tem o cofre vazio: "Estamos a efectuar alguns pagamentos. As despesas de funcionamento e de salários estão garantidas, mas é preciso ter em atenção o volume de investimento que a Região está a efectuar. É nesse sentido que temos alguns atrasos de pagamento, nomeadamente junto das empresas de construção civil", afirmou, acrescentando que o valor da dívida é significativo; no mesmo dia o governo demonstra um cofre cheio de dinheiro face às deliberações assumidas: "A adjudicação da obra de construção do pavilhão gimnodesportivo e piscina anexa à Escola Básica do Estreito de Câmara de Lobos, a abertura do concurso público para a obra de remodelação do Centro Cívico de Boaventura e a abertura do concurso público para a cobertura do polidesportivo da Escola Básica do 1.º Ciclo da Ponta Delgada foram algumas das resoluções tomadas ontem pelo Conselho do Governo". Enfim, de cofre vazio mas a loucura continua. Atitude semelhante ao sujeito viciado no jogo que, mesmo sem dinheiro, continua a jogar forte, a hipotecar a sua vida e a dos outros. Por isso, hoje, assinei um artigo de opinião no DIÁRIO subordinado ao título: "Governo de um gigabyte". Deixo aqui o respectivo texto:

Ora, com o disco cheio, quando o “chefe” clica apenas lhe sai a informação gravada desde há trinta anos. Um computador destes é uma peça de museu que ajuda a contar a história, por aproximação, do que nunca uma sociedade deve fazer ou permitir.

"Este governo regional assemelha-se a uma “pen drive”. É óbvio que não se pode colocar a informação equivalente a dez gigas em uma pen de um gigabyte. Não consegue gravar. E se, qual metáfora, o olharmos enquanto computador, dir-se-á que a sua capacidade de memória está completamente esgotada e o seu processador lento ao ritmo de uma locomotiva a carvão. O “disco” governo está, por isso, obsoleto, desadequado, o seu sistema operativo dir-se-á que utiliza o “ms-dos” quando já vamos no “Windows 7”. Ora, com o disco cheio, quando o “chefe” clica apenas lhe sai a informação gravada desde há trinta anos. Um computador destes é uma peça de museu que ajuda a contar a história, por aproximação, do que nunca uma sociedade deve fazer ou permitir.
Há, por isso, uma absoluta necessidade de substituir esta capacidade de memória e este sistema operativo. E isso só com um novo computador (governo) e com pessoas capazes de integrarem a informação sistémica, na esteira de Von Bertalanfy, capazes de romperem com este sistema fechado e limitado, que nega as relações de intercâmbio, que não recebe nem influencia o ambiente. Um quadro próprio de organizações deterministas. A Região precisa de um sistema aberto, adaptativo, onde se verifiquem relações de intercâmbio com o ambiente e não de um sistema que se mantenha no isolamento. Fayol, Taylor e Weber, utilizaram o modelo racional, fechado e não probabilístico, exactamente, o que por aqui o “chefe” mantém. Entre Fayol e 2011 passaram-se mais de 150 anos.
Ora, este sistema político obsoleto, só pode gerar desgaste, desintegração e aumento do aleatório. Simplesmente porque este “computador”, porque não permite receber nova informação, é gerador de entropia. Há que mudá-lo, urgentemente".
Ilustração: Google Imagens.

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