Mas, curioso, é que os mesmos que conduziram estes processos de falência, que criticaram todos quantos alertaram para um quadro insustentável, que, na Assembleia Legislativa chumbaram todos os diplomas que tenderiam a resolver esta dramática situação financeira, os mesmos, repito, continuam aí, uns em lugares de destaque político, outros, com os seus nomes atribuídos a estabelecimentos de ensino, louvados pelo brilhantismo do seu trabalho, como se todos fossemos uns mentecaptos e não estivéssemos a ver um filme de horror para as actuais e futuras gerações.
Do on-line do DN-Madeira: "O Porto Santo SAD não irá comparecer, esta quarta-feira (14/12), no jogo frente ao HC Braga referente à 8ª jornada do Campeonato Nacional da I Divisão de hóquei patins, “por razões que se prendem com o Orçamento do Governo Regional da Região Autónoma da Madeira (IDRAM), através da falta de plafond do Instituto do Desporto da Região Autónoma da Madeira junto das Agências de Viagens”. Trata-se de uma notícia que apenas constitui uma constatação da loucura alimentada durante muitos anos. Sejamos claros: o Porto Santo, tal como a Madeira, saliento, em tantas modalidades e escalões etários, não tem condições para manter um quadro competitivo nacional regular. Ainda por cima, tendo por base atletas que, em determinadas modalidades, nem oriundos são da Região.
Desde os primórdios dos anos 80, inclusive, no longo período de vacas gordas, foram publicadas inúmeras reflexões que chamavam à atenção para o caminho errado que estava a ser seguido. Ninguém teve em consideração que a Madeira é uma região pobre, assimétrica, dependente e com graves problemas por ultrapassar. E nesta loucura, neste pontapé para a frente ou, melhor, no caso em apreço, nestas constantes stickadas para a frente, avolumaram-se as dívidas e, hoje, o monstro é de tal forma que só com muita coragem política, poderá, a prazo, ser controlado. Ao IDRAM, desde há muitos anos, faltou sentido de responsabilidade, por ausência de um projecto sustentável. Aquela instituição, despida de uma qualquer estratégia de desenvolvimento, tornou-se numa casa que recebe ofícios e emite cheques. Não em uma instituição de pensamento político, disciplinadora das mais abstrusas vontades e cautelosa nos investimentos. Enquanto houve dinheiro no saco foram distribuindo, desrespeitando as prioridades essenciais. Entretanto começaram a entrar em colapso e hoje, dizem, as transferências protocolarizadas já têm atrasos de três e quatro anos. Fomentaram a loucura, a competição nacional, preocuparam-se, apenas, com os recordes e com os títulos que são sempre efémeros, e agora, é o que se vê, a falência pura e simples de muitas instituições desportivas, com os dirigentes a se sentirem enganados e responsabilizados.
Mas, curioso, é que os mesmos que conduziram estes processos de falência, que criticaram todos quantos alertaram para um quadro insustentável, que, na Assembleia Legislativa, chumbaram todos os diplomas que tenderiam a resolver esta dramática situação financeira, os mesmos, repito, continuam aí, uns em lugares de destaque político, outros, com os seus nomes atribuídos a estabelecimentos de ensino, louvados pelo brilhantismo do seu trabalho, como se todos fossemos uns mentecaptos e não estivéssemos a ver um filme de horror para as actuais e futuras gerações. Nem para o gás das piscinas há dinheiro, o que fará para pagar competições fora da Região, ainda por cima com as agências de viagens no limite do crédito suportável!
Politicamente, repito, politicamente, essa gente que governou e governa, essa gente deveria ser toda responsabilizada e mais, posta a andar. Há centenas de documentos, de entrevistas e livros publicados sobre a política desportiva regional. Há excelentes trabalhos publicados por jornalistas, mas, enfim, foram pérolas dadas a gente que não as apreciava. E, pasme-se, ou talvez não, no meio da desgraça, da aflição, vem o Presidente do Governo Regional falar da continuidade da errada "estratégia", apenas com um ligeiro corte de 15% relativamente à totalidade dos encargos. Se considerarmos que o orçamento do IDRAM, anulamente, em média, ronda os 35 milhões, no próximo orçamento o corte será, sensivelmente, de cinco milhões. E o problema não está sequer aí, está sobretudo ao nível do pensamento político que conduza a Madeira a apresentar uma alta taxa de participação desportiva entendida como bem cultural (neste momento, mais de 70% não tem qualquer actividade física ou desportiva) e com menores encargos. Como? Procurem nas actas das sessões da Assembleia Legislativa. Não sendo um ponto de chegada, é, com toda a certeza um bom ponto de partida.
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Longe vão os tempos em que o amor à camisola tinha valor. Alguém hoje se lembra do célebre nadador Madeirense ( José da Silva ) mais conhecido pelo "Saca" que fez a tentativa , salvo erro da travessia do Canal da Mancha? Nessa altura não havia subsídios regionais e, a dívida da Madeira não era pronunciada. Também é certo que não havia praias de arei importada de Marrocos.
A "festa" continua com a nova associação de carros de pau em que o presidente já disse à RTP-M que vai pedir apoios para a sua nova actividade! A pouca vergonha não tem limites nesta santa terra....
Obrigado pelo seu comentário.
Já nada me espanta.
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