Ora bem, depois do que ontem escutei no Parlamento, naqueles sessenta minutos de total vazio político e conceptual, sem uma única ideia de caminho a seguir, de um discurso cheio de máscaras, mais parecendo um jogo das escondidas, o presidente demonstrou que não tem unhas para esta guitarra. Continua a tocar de forma desafinada, com fífias atrás de fífias, com uma banda de 25 músicos que teima em tocar de cor e de olhos fechados, que nem olha para a pauta porque os símbolos nada lhes dizem, tão obcecados estão pelo seu metro quadrado de influência. O som que sai é de tambor velho e roto nas pontas e em ritmo carnavalesco. E, no final, aplaudiram o "maestro" porque ele tem a batuta de quem pode pertencer à orquestra.
Cada vez mais se torna importante saber ler a pauta das questões globais da vida da sociedade. |
Acho muita piada à monumental lata do Senhor Presidente do Governo Regional da Madeira quando se refre ao seu homólogo açoriano. Carlos César, assumiu Alberto João Jardim, anda a dizer "disparates para disfarçar a sua incompetência" (...) "Estou-me nas tintas para o que diz o senhor Carlos César, ele não tem categoria para me incomodar". Vê-se! Isto é, nos Açores, segundo as instituições de estatística e de acordo com o Ministério das Finanças, não precisa de um qualquer plano de ajustamento financeiro; aqui, na Madeira, face ao descalabro das contas públicas, está uma população inteira com a corda no pescoço. Nos Açores, fruto da Lei das Finanças Regionais em vigor, há uma substancial diferenciação fiscal que pode ir até aos 30%, o que significa que as famílias têm, indiscutivelmente, a carteira mais recheada; na Madeira, consequência das opções políticas tomadas ao longo de trinta e tal anos, estamos sujeitos a uma dupla austeridade, a de implicações nacionais à qual se soma o pagamento da fatura das megalomanias que atingem os seis mil milhões, fora os montantes das parcerias público-privadas. Contas certinhas, tudo somadinho, a Madeira tem às costas mais de oito mil milhões por pagar.
É evidente que os Açores têm uma dívida, só que ela está controlada e situa-se em valores absolutamente aceitáveis. Tomara que a dívida da Madeira estivesse a um nível que não exigisse qualquer tipo de resgate. Ademais, os Açores são nove ilhas espalhadas por 600 quilómetros, enquanto nós somos duas ilhas habitadas separadas por cerca de 50 quilómetros. São, por isso, completamente diferentes as exigências de administração de duas ilhas relativamente a nove, em todos os planos de análise nos vários setores da governação. Perante isto, o presidente do governo regional da Madeira tem ainda a distinta lata de assumir que Carlos César é que é o incompetente. Para o Dr. Alberto João Jardim incompetente é quem tenta ter as contas equilibradas, competente é aquele que gasta à tripa forra, gasta o que tem e o que não tem, desde que não seja ele a pagar a fatura. Quem assim se comporta com o dinheiro público será que também gere de igual forma, na sua via privada, o seu próprio dinheiro? Ou será que a gestão da sua economia familiar assenta em outro padrão de comportamento, equilibrado, sustentável, de tal forma que possa circular em todas as ruas da cidade sem que alguém lhe puxe pela banda do casaco: senhor dr. tem aqui esta faturazinha, ela já tem quase três anos...
Ora bem, depois do que ontem escutei no Parlamento, naqueles sessenta minutos de total vazio político e conceptual, sem uma única ideia de caminho a seguir, de um discurso cheio de máscaras, mais parecendo um jogo das escondidas, o presidente demonstrou que não tem unhas para esta guitarra. Continua a tocar de forma desafinada, com fífias atrás de fífias, com uma banda de 25 músicos que teima em tocar de cor e de olhos fechados, que nem olha para a pauta porque os símbolos nada lhes dizem, tão obcecados estão pelo seu metro quadrado de influência. O som que sai é de tambor velho e roto nas pontas e em ritmo carnavalesco. E, no final, aplaudiram o "maestro" porque ele tem a batuta de quem pode pertencer à orquestra.
Como se isto não bastasse, pela tarde, 58 propostas de alteração ao Plano e Orçamento da Região para 2012 foram chumbadas pelo PSD. Isto é, os social-democratas chumbaram todas, o que significa que, na Assembleia, continua aberta a época de caça. Chumbo em cima daqueles que desejariam um Orçamento mais equilibrado. É certo que a maioria política não iria governar com o Orçamento da oposição, mas também é certo, pelo menos duas coisas: primeiro, que o exercício da política assenta na arte da negociação, aspeto que o PSD não sabe o que é; segundo, ninguém acredita que nem uma proposta em 58 tivesse o mérito de ser considerada, pela sua importância face ao orçamento apresentado. O PSD continua, assim, na lógica do quero, posso e mando, apesar de ter mais deputados do que votos expressos nas urnas. Isto acaba mal, ora se acaba!
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
mas será que para esta criatura há alguém que tenha categoria?.
dai a perola de que é o único importante.
Obrigado pelo seu comentário.
Tem toda a razão.
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