O "teste do algodão": diz-me lá, tourinho manso: "Quem foi secretário das finanças entre 2000 e 2011? Quem foi o secretário responsável pela Via Litoral e pela Via Expresso? Quem foi o secretário responsável pelos contratos swap? Quem foi o secretário responsável pelo endividamento? Quem foi o secretário responsável pela dívida oculta? Quem foi o secretário responsável pela operação tresloucada das sociedades de desenvolvimento?". E concluiu: será que a culpa e do "Sócrates, Guterres, até Mário Soares, do George Bush, da Trilateral e de Adão e Eva"?
Ontem, na Assembleia Legislativa da Madeira, aconteceu uma espécie de debate sobre a Conta da Região de 2012. Apesar do regimento limitar uma verdadeira discussão, a imagem que ficou foi a de uma arena em que o touro (governo), cada vez menos agressivo (agora até assume que se voltassem atrás, havia obras adiadas no tempo), acabou por ser toureado ao ponto de nem se mexer. O touro (governo), antes bravo, pelo passar dos anos, entrou ali quase mansinho, o que facilitou farpas compridas, curtas e de palmo a todo o momento. De início ainda reagiu: foi o primeiro ano do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro marcado por medidas de austeridade, blá, blá... Um caminho que está a ser "percorrido" no sentido certo, (o sentido do empobrecimento, digo eu) embora com uma "dose de austeridade desajustada". Mal acabou de falar em "dose de austeridade", levou pela medida grande. Edgar Silva (PCP) disse-lhe na cara que o que se estava a passar era "uma roubalheira" de dimensões gigantescas e que "o Governo Regional não tem outra solução que não seja demitir-se imediatamente". Roberto Vieira (MPT) acusou-o de "Espalhar elefantes brancos por toda a Madeira e agora não há dinheiro para mandar cantar um cego" (...) "os madeirenses sabem quem meteu o dinheiro ao bolso" daí que a situação envolva responsabilidade criminal: "Se este Governo tivesse vergonha, não tivesse o rabo preso, estavam todos em casa ou mesmo na cadeia". Raquel Coelho (PTP): "Claro que a culpa, como dizem no Jornal da Madeira, é do Sócrates" (...) "O Governo tem sempre um bode expiatório". Eduardo Welsh (PND), sobre a política de empréstimos, deu-lhe forte e feio: "Isso são empréstimos ou financiamentos a fundo perdido? Alguma vez foram reembolsados ou há plano de reembolso", perguntou. É que estão em causa 250 milhões de euros! Logo de seguida, Martinho Câmara e Lino Abreu (CDS) cravaram no lombo do governo: oh touro, diz-me lá: "(...) Em 2011 tinhas conhecimento das dívidas e facturas do Governo Regional?" (...) como foi possível afirmar, no parlamento, em 2011, que a dívida da Região era de 2,2 milhões de euros? Finalmente, já sem capacidade de reacção, Carlos Pereira continuou com as perguntas, como "teste do algodão": diz-me lá, tourinho manso: "Quem foi secretário das finanças entre 2000 e 2011? Quem foi o secretário responsável pela Via Litoral e pela Via Expresso? Quem foi o secretário responsável pelos contratos swap? Quem foi o secretário responsável pelo endividamento? Quem foi o secretário responsável pela dívida oculta? Quem foi o secretário responsável pela operação tresloucada das sociedades de desenvolvimento?". E concluiu: será que a culpa e do "Sócrates, Guterres, até Mário Soares, do George Bush, da Trilateral e de Adão e Eva"?
Longe da arena, enquanto espectador atento, a pergunta que deixo é a mesma de sempre: o que faz este governo ainda no governo? Só uma escassa, muito escassa maioria conquistada em 2011 é que o aguenta. Maioria que, estou certo, se hoje fosse feita uma ida às urnas, desfazia-se em dois tempos! Porque de nada valerão estas tentativas de branqueamento do passado, estas posições de algum "mea culpa", o surgimento de uns quantos anunciadores da boa nova, quando andaram trinta e tal anos amochados, lendo a mesma cartilha, curvando-se a grupos e combatendo todos aqueles que se posicionavam pelo rigor, pela contenção e pelas prioridades. O discurso dos que agora se perfilham como não tendo nada com o passado, foi sempre direccionado no combate sem tréguas, que a oposição não queria o desenvolvimento, que eram contra o cimento, contra o emprego, contra a "Madeira Nova". Que se comportem assim, enfim, trata-se do seu jogo político, agora o que não me parece minimamente aceitável é que perante tão gravíssimo desastre político, o Presidente da República deixe os madeirenses e os portosantenses completamente abandonados e entregues a gente que, politicamente, já demonstrou não ter qualquer credibilidade. São os números da dívida, a pobreza e o desemprego que o provam. Espero que o processo "Cuba Livre" imponha a necessidade de uma demissão colectiva.
Ilustração: Google Imagens.
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