Durão Barroso pediu, aos portugueses, um amplo consenso político e eu pergunto, para quê? Então a democracia não tem regras? Não existe uma confortável maioria ou uma "maioria confortável" na Assembleia da República? Mas, afinal, regressámos ao tempo na União Nacional? Então, porquê arrastar um terceiro partido para o leque dos interesses dos partidos liberais e ultraliberais? Por causa dos famigerados mercados, os tais que impõem regras absurdas de exploração dos povos? Nem no tempo do Estado Novo houve consenso. Daí a Revolução de Abril. Havia sim imposição e silêncios. Durão Barroso que tire o "cavalinho da chuva" que não vai conseguir os seus intentos, simplesmente porque o povo, não apenas o de Portugal, está farto e cheio desta pouca-vergonha de aviltamento das condições de vida, de exploração, de desemprego, de atropelos aos mais elementares direitos do ser humano enquanto outros somam incalculáveis fortunas. Consensos, NÃO. Mudança de políticas, SIM.
Esta Europa, assim, é zero! |
Disse: "Quanto maior for o consenso entre as forças políticas maior será a confiança em Portugal, portanto, menos Portugal terá de pagar de juros para financiar as suas despesas". Esta declaração transmite a imagem da inexistência de uma alternativa política, que este é o caminho e ponto final. Está enganado. Há alternativas, no plural. Basta que os políticos não alinhem pelo facto consumado e se posicionem em defesa dos povos que os elegeram. É, pois, uma farsa a historieta do consenso entre "as principais forças políticas" em Portugal sobre o Documento de Estratégia Orçamental, no pressuposto que facilitaria uma "saída limpa"do programa de resgate que foi imposto quando, até nesse aspecto, havia alternativa. E Durão Barroso esteve envolvido nessa alternativa, através de uma negociação com Merkel e o BCE, acontecida numa reunião em Berlim. Ele sabe. Olhe-se para o caso de Espanha, por exemplo.
Mais. "Saída limpa", Dr. Durão Barroso? A saída, tal como a entrada, foi suja. Sugíssima! Se recorrermos aos dados da História, quer no plano nacional como nos factores externos que determinaram a crise, só podemos ter a leitura de uma crise PROVOCADA, e de uma consequente exploração para ganho de uns quantos ávidos em somar riqueza à riqueza que possuem. Daí o crescimento dos milionários. Alinhar nessa corja internacional, de cariz mafioso, que tanta desgraça semeou e continua a semear, é o pior que um português, na Comissão Europeia, pode fazer pelo povo ao qual pertence por laços de identidade. Por isso, a luta do Dr. Durão Barroso deveria ser outra, o seu caminho deveria ser o de um olhar para o povo português (entre outros), cujos milhões não viveram acima das suas possibilidades e que hoje vivem sem esperança, com crescentes dificuldades e, claramente, encostados à parede pelas políticas europeias que desvirtuam os princípios que estiveram na origem da própria União.
Ilustração: Google Imagens.
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