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quinta-feira, 6 de março de 2014

A POLÍTICA DA ALDRABICE PERSISTENTE


António José Seguro, no debate quinzenal na Assembleia da República, questionou o primeiro-ministro: diga lá "quais são os cortes que quer passar de provisórios a definitivos". Resposta célere e com uma cara exprimindo alguma agressividade: "Não podemos regressar ao nível salarial de 2011, não podemos regressar ao nível remuneratório das pensões de 2011". Ficaram muito claras as verdadeiras intenções deste governante. As falsas promessas eleitorais (ouvir aqui) e os pezinhos de lã como chegou ao poder, deram lugar a um político que sabia ao que vinha. Passos Coelho e os que o acompanham são pessoas politicamente desprezíveis, simplesmente porque mentem, aldrabam, conspurcam a palavra que deveria ser séria, honesta e credível. Ontem voltei a sentir uma enorme repulsa em função do provisório que deixa de o ser, do excepcional que passa a perene, do extraordinário que passa a definitivo. A estes comportamentos políticos só existe uma designação para caracterizar quem assim procede: aldrabão!

MENTIROSO COMPULSIVO!

É asqueroso sentir que somos governados por uma gentinha sem palavra, por um bando que pouco ralado está que 12.000 pessoas por mês sejam abandonadas pela Segurança Social (Jornal I) e que 120.000 emigrem todos os anos. Acabam por transmitir a ideia que se querem ver livres das pessoas. Asqueroso quando as pessoas são um empecilho aos seus desígnios políticos mais sórdidos. Asqueroso quando parte do princípio que vivemos acima das nossas possibilidades e, por esse raciocínio torpe, dão cabo da classe média arrastando-a, paulatinamente, para o cada vez maior grupo da pobreza, primeiro, envergonhada, depois, persistente. Asqueroso, ainda, quando vendem o país aos bocados e em coutadas, aos interesses externos, permitindo que a angústia se instale nas famílias, nos jovens e nos idosos. Hoje, não são apenas as crianças que estão em risco. Estamos todos em risco, porque, diariamente, matam a esperança, a alegria de viver, instalando o medo relativamente ao futuro. O trabalho político que deveria ser honesto e transparente, passou a ser trabalho bandido. Ora, o bandido não é apenas aquele que assalta a mão armada, não é apenas o salteador, é também aquele(s) que se comporta como malfeitor, que, injustificadamente, prejudica os outros. Não satisfeito com aquilo que anda a fazer aos portugueses, Passos Coelho ainda ontem voltou a prometer: "(...) Iremos apresentar ainda este ano uma proposta para que consigamos tornar mais sustentável a segurança social, como iremos apresentar uma proposta, como consta, aliás, do memorando de entendimento, relativamente a tudo o que envolve remunerações na função publica", isto é, depois das eleições europeias, preparem-se que virão aí mais meia-dúzia de valentes chicotadas. Porque o povo "aguenta, ai aguenta, aguenta" como disse o banqueiro.
Reduzir salários, roubar aos reformados e pensionistas e tornar o trabalho escravo, constituem as especialidades deste governo. O Estado que deveria ser pessoa de bem tornou-se em pessoa não recomendável. O contrato com o Estado deixou de ter uma assinatura de responsabilidade, pois esta gentalha rasga-o em dois tempos. Pela via da mentira ou da lei, cara a cara com o funcionário público, com o reformado ou pensionista, aquilo que de boa-fé foi rubricado passa a não ter qualquer valor. E quando isto se questiona, o primeiro-ministro, irritado, levanta as penas e diz que fazemos "perguntas capciosas"! Raio o parta, porque já não há paciência para aturar este sujeito e o grupo que o aplaude. Ele que compare o que ganhamos, tendo por base o salário mínimo, com o que ganha a maioria dos povos europeus, no Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Irlanda, Islândia, França, Reino Unido, Eslovénia, Espanha, Malta e até na própria Grécia. Compare o que ganham com o custo de vida e logo se aperceberá do ROUBO que está a ser perpetrado junto dos portugueses com aquela treta "(...) que não podemos regressar aos níveis salariais de 2011". 
Cortes "temporários" passam a definitivos. Pois. O povo, também, já percebeu que a sua política será temporária e, em 2015, será de corte definitivo com estas pessoas que massacram e impedem de sermos um povo minimamente feliz. 
Ilustração: Google Imagens.

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