Só se pode depreender que o Presidente da República, Doutor Cavaco Silva, e o Primeiro-Ministro, Dr. Pedro Passos Coelho, consideram que são todos burros os que integram esse grupo de setenta personalidades portuguesas que sugerem a renegociação da dívida pública. Até dois consultores de Cavaco Silva foram exonerados por constarem da lista. Para aquelas duas figuras, entre muitas outras do grupo dos 70, Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix (ex-ministros das Finanças) são personalidades desmioladas, Freitas do Amaral, Francisco Louçã, Carvalho da Silva, João Cravinho, José Reis, Eduardo Paz Ferreira, Adriano Moreira, António Capucho, Ferro Rodrigues, António Saraiva, Sampaio da Nóvoa, Gomes Canotilho, são todos burros, incompetentes e, certamente, traidores relativamente ao futuro de Portugal. Renegociar a dívida? "Nem pensar. Está totalmente fora de questão", afirmou Passos Coelho na conferência sobre o pós-troika. O primeiro-ministro disse que falar de renegociação de dívida, nesta altura, "é masoquismo" como lhe chamou Cavaco Silva. Pois é, conclui-se, somos todos burros, apenas existem dois inteligentes neste processo. Mais cedo que tarde a renegociação será feita, porque não se trata de um capricho mas de uma necessidade.
Pontaria ao Povo! |
Como escreveu Pedro Sousa Carvalho a propósito do documento: "(...) A reestruturação não é sinónimo de não pagar a dívida e, como tal, o manifesto fala numa “reestruturação responsável” que seja feita “no espaço institucional europeu, embora provavelmente a contragosto, designadamente dos responsáveis alemães”. Os 70 alertam que mesmo que o país “cumpra as boas práticas de rigor orçamental, de acordo com as normas constitucionais”, não vai conseguir contornar sozinho o problema do excesso de endividamento, já que perdeu a soberania monetária e cambial para intervir na economia. Portugal deverá poder contar com a solidariedade dos parceiros europeus, tal como, dizem, a Alemanha beneficiou de um perdão e de uma restruturação da dívida no período pós-guerra. Recordam que pelo Acordo de Londres sobre a dívida externa alemã, de 27 de Fevereiro de 1953, a dívida externa alemã anterior à II Guerra Mundial foi perdoada em 46% e a posterior à II Guerra em 51,2%. Da remanescente, 17% ficaram a juro zero e 38% a juro de 2,5%. Os juros devidos desde 1934 foram igualmente perdoados. Foi também acordado um período de carência de cinco anos e limitadas as responsabilidades anuais futuras ao máximo de 5% das exportações no mesmo ano (...)". Outro burro!
Ilustração: Google Imagens.
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