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sábado, 26 de abril de 2014

ASSEMBLEIA CONTRA O POVO


Ontem, a Assembleia Legislativa da Madeira agrediu o povo ao permitir que um estranho ao primeiro órgão de governo próprio tivesse substituído a voz dos deputados eleitos. A atitude significou um ataque à Autonomia por parte de quem, no plano das palavras, diz defendê-la. O Professor Viriato Soromenho-Marques aceitou o convite para, qual paradoxo, leccionar ao “povo superior”. Esqueceu-se que o 25 de Abril não é deste nem daquele partido. É de todos e na Assembleia estão representados. Esqueceu-se que há momentos para palestras e momentos eminentemente políticos. Esqueceu-se que viria legitimar a vergonha, a ausência de princípios e de valores democráticos e ajudar a esconder a verdade da Madeira em múltiplos patamares de natureza política. Ao aceitar passou uma esponja sobre um passado negro de contradições, abusos, aviltamentos, insultos e violações democráticas. 


O palestrante não teve em consideração que, por estratégia do Senhorio, manifestamente contra o debate político, quase duas centenas de projectos jazem na Assembleia; que até os votos de pesar ou são negados ou emendados; que, ainda há dias, um Deputado da oposição (não foi a primeira vez) foi arrastado pelos funcionários da Assembleia; que o Presidente do Governo não presta contas em regular debate com os deputados; que existe um Jornal da Madeira, para propaganda do poder, pago pelos impostos dos madeirenses e que viola as regras do mercado; esqueceu-se dos atentados ambientais aqui produzidos, tendo ele sido presidente da QUERCUS. O conferencista ignorou que, por falta de fiscalização séria da Assembleia, não foram reportados mais de mil milhões de facturas e que os madeirenses e portosantenses carregam uma dupla austeridade devido a uma dívida que ultrapassa os seis mil milhões de euros, que torna a Região cada vez mais pobre, dependente e assimétrica. Enfim, continhas de um extenso rol de quase quarenta anos de governação absoluta que o douto Soromenho-Marques legitimou com a sua presença.
Finalmente, Viriato não percebeu que só existe uma justificação para o convite: o medo, naquela que sendo uma data de vital importância para os madeirenses, as diversas intervenções colocassem a nu, mais uma vez, as debilidades da governação no quadro da construção do futuro. Ontem, o intermitente e capturado 25 de Abril voltou a não ser comemorado no primeiro órgão de governo próprio. E Abril é do Povo, não dos novos colonos!
Ilustração:  Google Imagens.

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