Apoio sem quaisquer reticências o essencial da posição do Deputado Dr. Carlos Pereira (PS) cujas declarações acabo de ler na edição de hoje do DN-Madeira. Ele está certo quando salienta a necessidade de criação "de um núcleo de trabalho, para dar início a contactos inter-partidários, de modo a retirar todos os obstáculos ainda existentes e assim determinar a definição de uma agenda, com um calendário específico". E complementou ao sublinhar que está na hora da oposição unir esforços para banir, de uma vez por todas, a "gestão caótica, irresponsável e comprometedora para o futuro, realizada nos últimos 12 anos" (...) "O momento não é para ficarmos à espera que o PSD-M dê cabo do que resta de esperança dos cidadãos" (...) "é altura de apressar a saída do PSD-M da gestão dos destinos da Madeira" (...) "que a luta seja intensificada e que o espaço político não seja preenchido por aqueles que sempre disseram que este era o caminho". (...) "Está na hora de construir uma solução a partir da oposição na Madeira" (...) “Os madeirenses precisam de se rever numa alternativa limpa" (...) "com todos aqueles que defendem e sempre defenderam um caminho diferente com olhos colocados nas pessoas" (...) "É o momento certo para começar a limar arestas entre os partidos da oposição", e, neste aspecto "o PS-M deve dar esse passo, tem essa responsabilidade". E assumiu: "Nada pode impedir a construção desta solução, sejam interesses pessoais, sejam de ordem táctica seja partidários". Carlos Pereira não esconde as diferenças entre partidos, mas acredita que "não existem barreiras inultrapassáveis" (...) "Pelo que conheço do trabalho parlamentar as propostas de mudança da oposição estão todas na mesma linha de actuação e há uma espécie de acordo tácito com o essencial, com o que é relevante". Por isso, "ninguém deve ficar de fora".
Os dados estão lançados a partir desta proposta vinda de um membro da direcção do Partido Socialista e líder do grupo parlamentar. Gostei do que li, sobretudo porque estas declarações, no essencial, enquadram-se no que aqui escrevi a 05 de Novembro de 2013. O texto que publiquei sublinhava: "Ninguém poderá esquecer-se que, politicamente, Jardim está morto, mas o jardinismo ainda mexe e de que maneira! É verdade que o polvo estrebucha porque foi ferido com um potente arpão (autárquicas), pode perder vários braços e muitos tentáculos, todavia, há que ter em atenção que continua a largar muita "tinta". Daí todo o cuidado ser pouco. A confusão, os tiros de partida em falso, a ambição que não tenha em conta todas as variáveis, a marcação do terreno que coloque em estado de choque todos os parceiros, pode, entre outros aspectos, tornar-se numa arma de autodestruição. Depois de 43 anos de Abril e 41 após as primeiras legislativas regionais, 2015 poderá ser o ano de uma certa consolidação da democracia, se em conta tivermos que todo este tempo foi de mil e um enganos. Por isso mesmo, estamos a pagar uma dupla e severa austeridade. Entendo que nenhum partido político da oposição deve excluir-se do objectivo central que é o de mudar o governo da Região. Os egoísmos, as atitudes bizarras e incompreensíveis, aliás como aconteceram nas últimas autárquicas, devem ser postas de lado em função de um objectivo maior. E esse desiderato é o de colocar o jardinismo a léguas da responsabilidade governativa. Chega. Portanto, qualquer situação que não parta do pressuposto que a vitória só é possível através da bipolarização e não da fragmentação de candidaturas, penso que, à partida, estará condenada. O jardinismo é muito maior que Jardim. A teia de interesses e a vulnerabilidade cultural pode acabar com o sonho. Significa isto que, primeiro, há que consolidar a democracia e a consequente alternância, para depois, cada partido, no tempo certo, propor e impor-se com projectos próprios. Não seguir este caminho pode significar a entrega de bandeja do poder aos mesmos de sempre".
As eleições legislativas regionais são ali ao virar da esquina. A oposição tem de se juntar, com bom senso e respeito pelos eleitores, tem de fazer um esforço para definir um programa, encontrar uma equipa e um candidato a presidente do governo. Isso é possível e desejável. Constituirá um erro histórico os madeirenses e portosantenses não aproveitarem esta oportunidade, na esteira do que sublinhou o Deputado Carlos Pereira: "temos de impedir que a Região mantenha "os protagonistas do passado, de cara lavada, a ditar as linhas mestras da governação para a Madeira" (...) "Esses candidatos não têm a credibilidade para construir uma alternativa limpa" (...) eles andam por aí em "uma manifesta e desesperada tentativa de salvar o poder, os lugares e os negócios públicos orientados para uma elite oportunista". Tão óbvio, quando, sempre foi para o PS o slogan : "PRIMEIRO AS PESSOAS".
Ilustração: Google Imagens.
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