Não há outra designação possível: O primeiro-ministro é um mentiroso político compulsivo. Já não me refiro sequer às promessas eleitorais de 2011 e tudo o que ao contrário fez (ouvir montagem de declarações na coluna ao lado), mas ao facto de ainda há pouco mais de uma semana ter dito que, em 2015, não haveria aumento de impostos e zás, aumenta o IVA em 0,25% (passa para 23,25%), a TSU 0,2% sobre os salários brutos dos trabalhadores dos sectores privado e público (passa para 11,2%). E aqui vamos. O primeiro-ministro fala na suavização e até reposição do esbulho que andaram a fazer desde que aceitaram a troika em Portugal, mas vai buscar a diferença pela via do agravamento dos impostos. Não pagamos de uma maneira, pagamos de outra. O que era provisório ou extraordinário passa a definitivo, embora com outras designações. Mas não é só ele que mente. A ministra das Finanças, em 15 de Abril, disse: "as medidas duradouras não implicam sacrifícios adicionais"; Marques Guedes, no mesmo dia sublinhou: "não haverá aumento de impostos". E já antes o mentiroso mor, o que desempenha as funções de primeiro-ministro, enalteceu: "não são medidas que incidam em matéria de impostos, salários ou pensões". Viu-se!
Para ele não há saturação de impostos, um limite há muito ultrapassado, para ele, "aumentar o IVA e a TSU é uma solução amiga da economia". A este propósito, João Vieira Pereira (Expresso) enquadra o problema desta maneira: "1- A actual taxa de IVA já asfixia várias actividades em Portugal. Casos como o da restauração ou da indústria do golfe são apenas dois exemplos. Aumentar mais o IVA, mesmo que seja 0,25 pontos percentuais é uma aberração económica. 2- Numa altura em que o consumo e a confiança dos consumidores já voltaram a crescer, esta subida pode travar esse ímpeto económico e em nada contribuiu para a recuperação da economia. 3-Justificar uma possível subida do IVA com a insustentabilidade do sistema de pensões é uma falsa questão. (...) Não faz sentido que seja o consumo a pagar a sustentabilidade das pensões. O sistema tem de ser sustentável por si só. O que é cobrado através das taxas sobre o rendimento do trabalho tem que ser suficiente para pagar as pensões. (...)" Ainda no Expresso, Bernardo Ferrão complementa: "(...) Falaram-nos no milagre económico, apontaram-nos os sinais de melhoria e alguns arriscaram mesmo declarar o fim da crise mas, afinal, o que temos, se não é mais do mesmo, anda lá perto. Mais IVA, mais TSU, mais impostos. Foi esta a resposta de Passos, Portas e Maria Luís depois dos vários encontros a discutir o famoso DEO onde a "arte e o engenho" dos ministros se resume a mais austeridade. E digo austeridade porque é mesmo disso que se trata mesmo que o spin governamental nos fale de "boas notícias". Os pensionistas continuam a ser taxados e não se vislumbra nesta nova contribuição, substitutiva da CES, um passo firme para a ampla reforma da segurança social, tão necessária, e pedida pelo Constitucional. A ver vamos o que dirão agora os juízes desta solução que na prática é um novo remendo que vem para o lugar do remendo que já lá estava. (...)".
Não sei por quanto tempo a paciência dos portugueses vai suportar esta permanente mentira, este colossal roubo, quando os indicadores testemunham que esta não é a solução. O sentimento que tenho é que estamos num círculo vicioso do qual este governo não sabe como sair. E quando um governo demonstra que não sabe, o melhor é pô-lo na rua. Quanto antes.
Ilustração: Google Imagens.
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