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terça-feira, 6 de maio de 2014

QUAL A SAÍDA LIMPA NESTE CONSPURCADO LABIRINTO?


Não há "saída limpa" quando o labirinto está completamente conspurcado e cheio de minas. E ouvem-se todos os centros de decisão, do FMI, aos vários sectores da União Europeia, passando por vários países e até comentadores sem pensamento estruturado, os aplausos de uma vitória que não existe. Raios os partam todos, porque mentem, porque aldrabam, porque tentam passar uma mensagem falaciosa da realidade. Como podem congratular-se com os resultados de um programa de assistência quando três anos depois, a dívida aumentou para os 130% do PIB, a taxa de desemprego é assustadora, quando é preciso recuar aos anos 60 do século passado, para estabelecer a comparação com as vagas maciças de emigração, quando a pobreza disparou para valores inimagináveis, quando o tecido empresarial está em completo esgotamento, quando os sistemas de saúde, educação e de protecção social encontram-se em ruptura, quando o país vai continuar sob controlo externo de seis em seis meses, pergunta-se, num quadro destes, de agravamento das desigualdades, se a dita saída não é suja? Muito suja, obviamente! Vários anos de sacrifício, de roubo nos salários, nas pensões de aposentação, de um substancial agravamento de todos os impostos e de um gravoso ataque sem precedentes aos trabalhadores do nosso País, terá alguma verdade aquela conferência de imprensa do primeiro-ministro?

Que trio!
Estamos entregues a gente sem escrúpulos, MENTIROSA e subjugada aos interesses externos da alta finança. Todo o português vê, claramente, que está a ser enganado. E o tempo o dirá. A direita política, a todo o custo, porque há eleições europeias a 25 de Maio, quer fazer passar a ideia de um enorme sucesso das políticas de austeridade impostas nos países sujeitos a ajuda externa, mas essa não corresponde à realidade. Não há um, apenas um indicador económico que prove tal sucesso. Bem pelo contrário, o país está exaurido, sem defesas e sem esperança. Foram três anos perdidos para gáudio da alta finança que aqui encontrou mais um espaço para esmagar e sugar a pouca riqueza do nosso povo. Bastará que passe a euforia das eleições europeias e, eventualmente, a direita política conserve os seus lugares-chave na política económica, e lá aparecerão de novo, os esfaimados do costume, com a benção interna da dupla Passos/Portas, a corroer ainda mais as nossas parcas riquezas. 
Passos Coelho sussurrou que o dia 17 de Maio corresponderá a um novo 25 de Abril. Merecia uma bolachada (em sentido figurado). Saberá o que foi a luta durante dezenas de anos pela verdadeira libertação do povo, amarrado que estava a uma ditadura que marcou e condicionou o seu futuro? Saberá quantos portugueses morreram às mãos dos agentes da polícia política, quantos foram torturados, quantos viveram a tragédia do exílio e do campo de concentração do Tarrafal? Saberá quantos portugueses morreram ou ficaram estropiados numa guerra colonial sem sentido? Saberá o que foi o analfabetismo e os condicionamentos sociais ao longo de meio século de obscurantismo? Saberá o que foram as vagas de emigração forçada? Saberá o que significou de esmagamento pela fabricada trilogia "Deus, Pátria e Família"? Passos Coelho, enfim, não consegue enganar. Nem ele nem Portas. Ambos passam com facilidade a linha vermelha que antes seria inultrapassável, teimam em afirmar que não haverá mais aumentos de impostos e, dias depois, aumentam-nos, ambos são políticos que dizem coisas enquanto mantêm a sua fome de poder, mesmo que esse poder seja efémero e muito pequenino! Não os designo por palhaços pela consideração que tenho à profissão. Apenas por isso. Revolta-me, porque ao contrário deles, eu e muitos milhares de portugueses arriscámos a vida numa guerra estúpida.
É tempo de o povo acordar e acreditar que existem alternativas. Que a Europa precisa de uma substancial mudança que coloque as pessoas no centro das preocupações e não os movimentos financeiros especulativos que trituram os povos. O povo tem essa oportunidade no dia 25 de Maio. Não votar significa, apenas, a possibilidade de mais austeridade e de mais sacrifícios. 
Ilustração:  Google Imagens.

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