O Estádio Municipal de Leiria, remodelado e ampliado para o Euro 2004, num investimento de 88 milhões de euros, custa à câmara, diariamente, € 16.750,00, estando ainda por pagar 48 milhões de euros de empréstimos, informou a autarquia. Mas não é apenas este: o de Faro/Loulé custou 66 milhões e apresentava, recentemente, € 9.400,00 de manutenção por dia e o de Braga que custou 161 milhões, tinha um milhão de euros de encargos anuais. Para não falar de outros disparates. Nós estamos a pagar a factura e, no Brasil, onde a população reclama mais e melhor educação e saúde, por exemplo, a factura há-de chegar. Como, por exemplo, chegou na Grécia após os Jogos de 2004, cujas instalações (muitas) são hoje elefantes-brancos. A euforia do Mundial de Futebol do Brasil, inevitavelmente, dará lugar à tragédia.
Eu gosto de assistir a uma boa partida de futebol. Eu gosto de ver actuar Ronaldo e outros. Não é isso que está em causa. Mas é de mais. Liga-se a televisão e não há canal que nos dê algum descanso. As peças de reportagem sucedem-se, as ligações aos "enviados especiais" são constantes; os assuntos repetidos e especulados até à exaustão através de sucessivos programas de comentadores; é o sujeito que fez 5.000 km de bicicleta para ali estar; é o bar que vende sandes com o nome Ronaldo, enfim, uma paranóia insuportável. É o jogador A com uma lesão, é o B que esteve indisposto, o C que tem apresenta fadiga muscular, o D que ficou no ginásio e não subiu ao relvado, sinceramente, do meu ponto de vista, é de mais, parece que a vida se esgota ali. Até o Presidente da República pediu à selecção que alegre os portugueses com umas vitórias. Como se a bola da FIFA resolvesse as múltiplas questões dramáticas que envolvem as famílias portuguesas. O "ouro" da FIFA fica com eles e com as instituições que a rodeiam. Não tem efeito multiplicador e sobretudo duradouro. Gostaria que tudo fosse mais comedido, sensato e colocado no patamar adequado. Mas não é assim. Resta-me, para já, mudar de canal. Mas, atenção, conto ver os jogos de Portugal e que apesar de todos os nossos problemas, a selecção portuguesa evidencie dignidade competitiva.
Ilustração: Google Imagens.
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