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quarta-feira, 18 de junho de 2014

EDUCAÇÃO: EU ENSINO. TU APRENDES?


Aí está a época de exames. Com excepção dos exames que determinam o acesso ao ensino superior, entendo que todos os restantes não fazem sentido. Portugal segue uma orientação que não me parece ser a mais adequada face ao conhecimento. É tal a paranóia dos exames que, dentro em pouco, chegarão ao 2º ano do primeiro ciclo. Existem muitos estudos sobre esta matéria. Fui "obrigado" a ler documentos, pelo que, desde há muito, a minha mais profunda convicção se situa na avaliação contínua e rigorosa. Só que isso implica uma reconversão quase total da organização do sistema educativo português. Sobre esta matéria já aqui publiquei vários textos. Deixo aqui uma parte de artigo que acabo de ler do Professor David Rodrigues, subordinado ao título: "Eu ensino. Tu aprendes?" 


A páginas tantas salienta: "(...) A aprendizagem não é papaguear uns conceitos, uns modelos, umas definições ou umas datas. Aprender é muito mais do que decorar ou mesmo do que conseguir "safar-se" numa prova de avaliação. Quantas coisas já decorámos (existe um termo menos polido que tem a ver com os crâneos dos bois e que muito bem define este processo...) e hoje completamente esquecemos? Aprendemos? Não. Decorámos. Hoje quando se fala de aprendizagem, queremos dizer que tem de haver uma mudança de perspectiva entre o que sabíamos antes e o que passámos a saber depois de termos aprendido. A aprendizagem é uma transição de paradigmas sobre uma visão e conhecimento da realidade. Aprendemos quando começamos a olhar para uma realidade de uma forma diferente daquela que olhávamos antes. Vê-se, assim, que decorar manuais, repetir "ipsis verbis" o que o professor disse, não significa que tenhamos feito aprendizagens, significa que temos boa memória - capacidade em que os elefantes nos parecem levar vantagem... e os computadores nos dão uma escandalosa "abada"...
Não existe aprendizagem sem relação. Mas relação entre quê? Antes de mais, entre o que sabemos e o que temos de aprender. Nenhum professor consegue ensinar um aluno se não souber o que ele já sabe. Antes de mais, aprender é esta ponte entre o antes e o depois. Mas a aprendizagem implica outras relações: com o objecto do conhecimento. Ninguém consegue aprender se não estiver autenticamente interessado no objecto da aprendizagem. Daqui a importância de incentivar, de reforçar a motivação. 
Teoricamente, toda a gente está interessada em aprender. Mas, na realidade como poderemos fortalecer este interesse em conhecer, este interesse em ter uma relação com o objecto da aprendizagem? Sobretudo se o objecto da aprendizagem estiver longe das motivações do aprendente? E falta, ainda, um outro tipo de relação: de quem ensina com quem aprende. Não conseguimos aprender com alguém a quem fomos indiferentes, por quem não temos qualquer consideração ou mesmo detestamos. Aprender implica, também que se estabeleça relação entre ensinante e aprendente. Esta é uma relação de respeito, de incentivo, de descoberta e de camaradagem. Sem ela, nada feito. Três relações, portanto: com o que se sabe, com o que se quer aprender e com quem connosco coopera para aprender (...)".
Definitivamente, as nossas escolas, ou melhor, o nosso sistema, não está preparado para este desafio.  E o que  pensará o secretário regional da Educação?
Ilustração: Google Imagens.

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