No quadro político e social no qual nos fizeram mergulhar, serão porventura poucos os que olharão, hoje, para esta data com ORGULHO. Obviamente que o meu sentimento e o da esmagadora maioria dos portugueses é elevadíssimo pela nossa História, todavia, é inegável o esmorecimento por aquilo que tem sido feito aos portugueses nos últimos anos. Um período de novo e grave empobrecimento, de saque, de uma clara divisão entre muito ricos e pobres, que tem deixado o país sem esperança no futuro e nas garras de uma economia financeira liderada por instituições de sentido mafioso. Quando estou fora, certamente como todos, sinto o apelo do regresso, porque é aqui que estão as pessoas e as coisas que fazem o meu mundo. Mas ao lado desse apelativo sentimento, outros me envolvem de uma incontida revolta. Do Presidente da República ao governo, toda essa gente não merece este Povo. Mas vão pintá-lo, hoje, em tons garridos, solenemente vão jurar sobre a esperança de um futuro melhor, quando se sabe que as palavras soam a aldrabice e fuga à verdade.
O Povo emigra, o povo esperneia, o povo sente a fome, uma em cada quadro crianças está em privação, a recolha de alimentos sucede-se, as empresas de corda ao pescoço, o desemprego em alta, o PIB que já vai nos 132% depois de três anos de esbulho, mas lá no alto do púlpito serão derramadas as palavras que ditam que não podemos andar para trás, que o caminho (do empobrecimento) tem de ser continuado e que a felicidade, mínima que seja, está ali ao virar da esquina. Mentirosos e aldrabões! Não está. Obviamente que não está. Temos constragimentos para mais de trinta anos e todo o esforço feito desde 1974, com altos e baixos, é certo, perder-se-á. Porque deram cabo do nosso país e porque eles, fanaticamente, acreditam que a austeridade, a redução dos salários, o corte nas pensões e reformas, a substancial perda de direitos sociais, uma carga fiscal insuportável e a nossa presença no Euro, constituem a receita certa para (re)construirmos um país devastado por uma crise que foi fabricada externamente. Para ficar como desejam, falta agora rasgar a Constituição da República.
Um pouco por tudo isto, neste dia tenho presente os nossos irmãos emigrantes, nem todos bem sucedidos, muitos que trabalham apenas para se alimentarem, que fugiram e continuam a sair deste espaço que não lhes garantiu futuro. Por esses mantenho respeito, ao contrário do Presidente da República que, ainda há dias, disse que "(...) Devemos assumir uma visão serena e realista desta nova realidade do mundo global, recusando a ideia que a emigração representa necessariamente uma perda irreversível para o país". Fala quem nunca foi emigrante, quem está no "quentinho de Belém" e não tem noção da desestruturação dos laços de família. Fala quem não sabe o que significa a emigração de tantos e qualificados quadros, formados no País e aproveitados lá fora. Fala quem apenas vê a necessidade de algum dinheiro proveniente das remessas, cada vez menor, mas que dão jeito aos que ficam. Será que podemos ter orgulho nesta gente? Eu não tenho nem lhes concedo o direito para falarem da minha Pátria!
Ilustração: Google Imagens.
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