O Dr. Miguel de Sousa escreveu, na edição de ontem do DN-Madeira: "Há que por termo ao enterro de dinheiro, de cada um e de todos nós, na ex-marina do Lugar de Baixo. Parece já terem sido gastos mais de 100 milhões de euros num projecto que era para ser uma marina pública. Nossa. Feita com o nosso dinheiro e a poucos quilómetros de uma outra, também nossa, também feita com o nosso dinheiro. Duas marinas. Uma ao lado da outra. Disparate!" Não me leve a mal, mas está a tratar os madeirenses e portosantenses por imbecis, por tontos, estúpidos, desmiolados, gente que não tem um pensamento mínimo sobre o passado. O Dr. Miguel de Sousa é um dos mais antigos parlamentares. Para além da sua profissão é Vice-Presidente da Assembleia, já foi governante, é membro dos órgãos políticos do PSD-Madeira, portanto, não é um político que chegou agora de Marte ou da Lua! Viveu aqui, aprovou tudo, nunca se ouviu a sua voz, teve palco para dizer que o "rei ia nu" e agora, quando o leio, fico atónito com tanta frontalidade. E o problema não é apenas esse, o problema é que continua a ter palco na Assembleia Legislativa onde poderia assumir, no "período antes da ordem do dia", na frente de todos e do seu grupo parlamentar, a denúncia não só do que ali se fez e continua a fazer, mas a denúncia de todos os disparates da dita Madeira-Nova. Há uma linha de coerência que, pelo menos para mim, não está no meio que se escolhe (artigo de opinião ou Assembleia). A linha de coerência implica dizer em todo o lado, a todo o tempo e desde sempre o que se pensa, mesmo que isso custe o lugarzinho e os dissabores entre pares.
Não suporto esta forma de estar na política. Irrita-me. Mas não é apenas o Dr. Miguel de Sousa que se apresenta às pessoas como se nada tivesse a ver com o estado a que a Região chegou. Ainda ontem o Senhor Roberto Silva, outro Deputado do PSD, com largas responsabilidades nas megalomanias no concelho do Porto Santo, onde foi presidente da Câmara, veio mostrar-se chocado em plena sessão solene: pelas dificuldades que os locais atravessam, "difícil pela pobreza que entrou porta a dentro dos Porto-santenses", e desafiou os responsáveis municipais a realizarem um estudo e implementar um plano estratégico de desenvolvimento a longo prazo. Quer dizer, este senhor que esteve vários mandatos na Câmara, que se achou intocável, que foi "rei e senhor" na ilha, com uma descomunal lata, coloca-se de fora e pede aos outros que resolvam um problema que há muito é gritante. Pergunto: o Senhor Roberto não tem um rasgo de bom senso e de respeito por si próprio? Se o problema é a existência de um plano por que raio ele não foi elaborado há muitos, muitos anos? O que andou a fazer? Que posições frontais perante o governo regional assumiu para que a Câmara do Porto Santo não estivesse hoje falida? E sobre a questão da pobreza, que trabalhos desencadeou no sentido de tornar a ilha minimamente sustentável?
Outro que não tem nada a ver com a situação vivida no Porto Santo. |
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário