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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

HEPATITE C


"Não me deixe morrer. Eu quero viver" (...) "tenho uma filha e não quero morrer", gritou o homem para o ministro da Saúde. Ele manteve-se impávido e sereno, como se nada tivesse a ver com o desejo do português infectado. O primeiro-ministro já tinha avisado que isto não pode funcionar a qualquer preço. Por aproximação ao que se passa na relação do cidadão com o fisco, primeiro paga e depois reclama, também aqui, o "nosso primeiro", com todo o respeito pelos sargentos, parece dizer: morra primeiro e reclame(!) depois. Aliás, a ministra das Finanças, há dias, já tinha assumido junto dos Deputados do PSD: "não se pode ter tudo".


Chocante a atitude javarda, desculpem-me a palavra, destes governantes de meia tigela. A Saúde é um direito, não é um favor, não é uma  benesse, não é uma dádiva. A Saúde é o primeiro bem que uma pessoa pode dispor. Por isso mesmo pagamos, descontamos balúrdios no IRS, em taxas e sobretaxas e, no caso dos funcionários públicos, para o sub-sistema ADSE. 
Gente que vê o seu semelhante a correr contra o tempo de vida, que vê o tempo de alguns a se esgotar e que não actua em tempo real, preferindo manter esta vergonhosa austeridade, é gente que de humanismo nada sabe. Sabe, apenas, de mercados, de dinheiro, de compromissos sujos alicerçados no exercício de uma política nojenta. Preferem a morte do que salvar vidas, porque o medicamento é caro. Comprem o fármaco e discutam o preço depois. Que gente reles!
Ilustração: Google Imagens. 

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