A organização pertenceu ao "Núcleo Madeira da Educação Viva" (Ilha Verde - Educação em Liberdade). Foram três horas de conversa com o Professor José Pacheco que passaram num ápice. Eram 21:30 e ainda o anfiteatro estava cheio de professores ávidos de mais histórias e mais conteúdos entre a escola velha que temos e uma escola nova que todos ansiamos. José Pacheco é o mentor da criação da Escola da Ponte, na Vila das Aves, única no País e que tem servido de paradigma para outras experiências em outros países. Na Finlândia e no Brasil, por exemplo. A perseguição por parte do Ministério da Educação tem sido vergonhosa, não pelos resultados dos estudantes, mas porque o paradigma de escola sai fora dos cânones definidos. Trata-se de uma nova escola onde todos aprendem muito mais do que no ensino tradicional, através de um grande sentido de pertença dos seus professores. Ali, naquela escola pública, o paradigma é diferente das outras: não existem turmas, horários formais, toques de entrada e de saída e aulas leccionadas de forma tradicional. Ali existe vida, vivência, convivência e aprendizagem estruturada. Já não é o que era, porque o Ministério continua a preferir as práticas metodológicas do Século XIX, com Professores do Século XX embora os alunos sejam do Século XXI. É muito difícil romper com uma mentalidade assente em rotinas de toca-entra-toca-sai, do professor que debita, cumpre o programa e os alunos, passivamente, assistem.
A propósito, aqui deixei, em tempos, uma frase do Professor João Barroso, da Universidade de Lisboa. Ainda ontem, no meio da conversa com José Pacheco essa frase bailou-me na cabeça. Cito-a de cor: já não faz sentido aquela escola onde tudo se passa nos mesmos lugares, ao mesmo tempo e da mesma maneira. A escola não pode ser uma colecção de salas de aula e o ensino uma repetição de actividades pré-formatadas e iguais para todos. É contra essa Escola vazia de significado que o Professor José Pacheco luta há quarenta anos. Hoje, vive no Brasil onde é acarinhado e respeitado.
O mais dramático é sentir a existência de uma sala cheia de professores, que pagaram para ouvi-lo, que "aguentaram" três horas de conversas e histórias profundas, o que significa que esses professores não estão acomodados, mas sentir que aqueles de quem dependem as mudanças tivessem primado pela ausência. O secretário da Educação e os directores regionais responsáveis pela Educação na Madeira, não se dignaram ouvir quem sabe por experiência vivida e quem tem uma proposta que rompe com a actual escola divorciada das questões da diversidade, da desigualdade e do conhecimento. Absolutamente LAMENTÁVEL.
Obrigado aos organizadores (Ilha Verde) pela oportunidade que me deram de escutar o Colega José Pacheco.
Ilustração: Google Imagens.
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