Hoje, politicamente, percebe-se que não havia necessidade de tanta austeridade sobre o povo português quanto aquela que foi imposta. Aqui e ali vamos lendo intervenções desde o FMI até à própria Comissão Europeia que demonstram quanto errados estiveram nas medidas impostas e que castigaram um povo, maioritariamente pobre, a uma situação de gravíssimo constrangimento social. Havia, como se prova, outros caminhos que a democracia acaba sempre por descobrir e seguir. Mas vem isto a propósito do "procedimento por défice excessivo". Escutei, de passagem os comentários na SIC-Notícias. Lá esteve o inefável José Gomes Ferreira e segui a intervenção do líder do PSD. Sinceramente, não sei onde termina o discurso político de Pedro Passos Coelho e começa o do jornalista José Gomes Ferreira (SIC). Mas isso pouco me interessa, até porque tenho a opção de mudar de canal...
Não me alegro nada com a decisão da Comissão Europeia, por um único princípio: o da nossa soberania nacional. Porque deixámos de ser donos do nosso futuro. Uma coisa é ser europeísta, outra é perder a identidade em função dos complexos e muitas vezes obscuros interesses externos. Fomos esmagados (e somos), durante anos, por directórios que se sobrepuseram, de forma acéfala, a uma crise internacional, nascida fora de Portugal e que arrastou muitos e sobretudo os países mais vulneráveis. Portugueses houve, governantes, de pin ao peito que se vergaram, completamente aos "donos disto tudo". Massacraram o povo, roubaram-lhe direitos mínimos conquistados com trabalho e sangue que a História demonstra, sugaram salários, impuseram impostos incomportáveis, aumentaram a pobreza, deram cabo de uma parte do tecido empresarial, geraram as condições de aumento da riqueza para quem já dela não precisava, impuseram o desemprego e a precariedade, e agora, leio no Expresso, que Valdis Dombrovskis, número dois da Comissão Europeia, subtilmente, ainda tem o desplante de acentuar que o Governo terá de manter-se comprometido com o plano de reformas estruturais com vista ao país alcançar um crescimento sustentável, advertindo, entre outras recomendações, com laivos de chantagem, que Portugal se deve manter comprometido com o plano de reformas, com vista a uma “economia resiliente, dinâmica e inovadora”. Pergunto: o que entenderá ele com um plano de reformas? Julgo que lhes deve estar atravessada na garganta a solução que os portugueses encontraram para governar o país. Logo Valdis Dombrovskis que pertence a uma coligação de três partidos do centro direita da Letónia ("Unidade")
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário