O "independente" Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, resolveu fazer uma tempestade política sem uma única razão pública plausível. Do meu ponto de vista, face a uma candidatura dita "independente", todos os partidos políticos que abdiquem de propostas próprias, têm legitimidade, em caso de vitória eleitoral, considerarem que o resultado também constitui uma sua vitória. Que mal existe nisso? Não desvirtua o princípio da "independência" partidária do vencedor e todos os contribuintes dessa vitória têm o direito de se regozijarem com a sua aposta.
Mas vou mais longe. Não existem "independentes". Politicamente, todos nós transportamos princípios, valores e convicções. Temos uma história construída através de leituras, diálogos, pensamentos, vivências, ambientes familiares e tantos outros, e tudo isto acaba por moldar a forma como acabamos por posicionarmo-nos face à vida. Inclusive, nas opções politico-partidárias. Ora, o Dr. Rui Moreira não é um "independente". Não tem é um "cartão partidário", o que não significa, nas eleições legislativas ou nas europeias, por exemplo, não vote em um sentido que mais se coadune com a interpretação que faz da política partidária.
E assim sendo acabou por criar um problema, não para o Partido Socialista, mas para ele próprio. Foi uma decisão, reparem, do núcleo duro reunido na sua comissão política. Os partidos também têm o designado "núcleo duro" que integra a "comissão política". Portanto, parece-me óbvio que a imagem organizacional dos partidos serve para umas coisas, não para outras.

Ilustração: Google Imagens. Rui Moreira/Manuel Pizarro
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