Trata-se de um assunto interno que só aos venezuelanos compete resolver. A verdade, porém, é que já vai em cinquenta os que morreram. Pelos relatos, a fome espalha-se, aumenta a pobreza, um relatório oficial dá conta de um aumento da mortalidade infantil de 30,12%, em 2016, tendo morrido 11.466 bebés no primeiro ano de vida, faltam medicamentos, os roubos, assaltos e assassinatos são diários, as prisões enchem-se, a oposição não é tolerada, as pessoas fogem e a angústia não pára de crescer. Penso que esta é a primeira fase de um complexo processo político. A fase seguinte poderá ser muito mais grave. Pode descambar em guerra entre grupos com posicionamentos políticos inconciliáveis.
O que para mim é surpreendente é o silêncio da comunidade internacional. O que, eventualmente, se passa nos bastidores não é publicamente conhecido. Parecem-me, parafraseando, todos com um olho no burro e o outro no petróleo! Uma Venezuela com tantas potencialidades e linda, desfaz-se aos olhos do Mundo. Não poderei dizer que conheço a Venezuela, em toda a extensão da palavra. Conheço Caracas, Maracay e Valência, entre outros locais menos referenciados. E conheço, genericamente, o povo madeirense emigrante. Enganam-se os que pensam que são todos ricos. Há muitos, muitos mesmo, que vivem no limiar da pobreza, que sobrevivem através da solidariedade de várias instituições. E os que tinham a sua vida equilibrada foi à custa de muito trabalho e de muito sacrifício.
A situação da Venezuela deve apavorar-nos face aos milhares nossos conterrâneos (e não só) que lá estão. Preocupação até por todo o restante povo. Uma revolução que poderia ter sido bem sucedida, corrigindo erros muito graves, a todos os níveis, sobretudo os da AD e do COPEI, durante dezenas de anos, acabou, por insuficiência e impreparação políticas, resvalar para um quadro que pode não ter retorno a breve prazo. Doloroso.
Ilustração: Google Imagens.
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