Entre a levedura e a leviandade vai uma enorme distância. Penso que há muita leviandade em algumas coisas que se dizem por falta de tempo de levedura!

Os anos que levo permitem-me, felizmente, continuar a sonhar, mas também deram-me a consistência de saber destrinçar o certo do errado. Não alinho em tudo o que leio, às vezes deixo ali em banho-maria, em uma espécie de tempo de levedura que me proporciona juntar elementos em falta, as tais correcções ou ajustamentos necessários, para que a ideia surja com outra consistência. Entre a levedura e a leviandade vai uma enorme distância. Penso que há muita leviandade em algumas coisas que se dizem por falta de tempo de levedura!
Tudo isto a propósito de Educação, do que tenho vindo a defender e dos contrapontos que surgiram. Dizia o grande educador e filósofo brasileiro Paulo Freire que "sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino". E deixou para reflexão de todos nós que "se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda" (...) porque a "Educação não transforma o mundo. A Educação muda pessoas e as pessoas transformam o mundo". Mas, para isso, sublinhava, o que para mim é muito importante, que "como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha". O problema reside aqui, quando se gov

É por aqui, por uma atitude de humildade e de reflexão, desde logo, quando se fala de uma intervenção precoce junto do aluno ou da permanência dos "chumbos"; da arquitectura dos espaços escolares e número de alunos por escola ou da escola transformada em armazém; de uma disciplina designada por Cultura Geral ou da ignorância altifalante; do dinheiro para o desporto profissional ou dos magros orçamentos para o sistema educativo; dos currículos, programas e autonomia dos estabelecimentos de educação e ensino ou do conhecimento e das competências adquiridas; dos professores a mais ou do sistema educativo a menos.
Será que o presidente do governo entende isto? Leu Paulo Freire, entre muitos outros, ou apenas e mal J. Keynes? Do Secretário da Educação as minhas dúvidas dissiparam-se há muito, embora acompanhe Paulo Freire: "ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos sabemos de alguma coisa e todos ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre". O drama é que parece que não querem aprender. Sobra-lhes em leviandade por ausência de levedura!
NOTA:
Opinião, da minha autoria, publicada na edição de hoje do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.
4 comentários:
POrque será que tantas certezas não são aproveitadas pelos seus colegas de Lisboa?
Obrigado pelo seu comentário.
Meu caro, repito, ao contrário do que diz, eu não não tenho certezas, transporto interrogações. Mas não espero para amanhã aquilo que pode ser feito hoje, com o conhecimento de hoje e nos contextos de hoje.
Depois, somos uma Região AUTÓNOMA e a Autonomia só valerá a pena se souber marcar a diferença. Infelizmente não tem marcado.
Desculpe, mas as suas interrogações transportam respostas e soluções mesmo que irrealizaveis. Senão, como entender o seu Regime?
Pelo que se volta a questionar. Com tantas interrogações respondidas, porque não as ouvem os seus colegas de Lisboa?
Obrigado pelo seu comentário.
Respondo-lhe da seguinte maneira: sou um autonomista puro e responsável. Da mesma forma que "Roma e Pavia não se fizeram em um dia", também a conquista de um novo paradigma educativo depende, APENAS, de nós.
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