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sábado, 25 de maio de 2019

ALMOÇO DOS GRINGOS DE GUILÉJE


Hoje estive com os meus camaradas da guerra colonial. Este ano o convívio foi em Goães/Amares, mesmo ali junto à lindíssima barragem da Caniçada. Um passeio de barco, muita confraternização,  novamente as memórias, boas e más, vividas no isolamento de Guiléje, na Guiné Bissau. Guiléje ficava na fronteira com a Guiné Conacri, onde existia o famoso "corredor de Guiléje" (alguns chamavam o "corredor da morte", que alimentava as tropas do PAIGC para o interior no então território nacional. Tempos difíceis. Guiléje foi a primeira povoação a cair às mãos dos guerrilheiros. A Companhia que nos sucedeu teve de abandoná-la em condições muito complexas, pela vaga de ataques dos homens de Nino Vieira.


Pertenci à Companhia de Caçadores 3477 - Gringos de Guiléje - liderada pelo Capitão Abílio Delgado. Comandei um pelotão de açorianos, de Rabo de Peixe, gente de quem guardo uma memória de lutadores e de união sem limites. Senti que, em todos os momentos, sobretudo nas saídas para a densa mata, comandei mas fui, extremamente, protegido. Tenho, por eles, um enorme afecto e gratidão.
Uma Companhia da qual, infelizmente, alguns já partiram.  
Guiléje foi completamete destruída. A mata, ao longo dos últimos 47 anos, tomou conta de todo aquele espaço. Alguns camaradas meus que, entretanto, visitaram Guiléje, dizem-me que é possível ali regressar e "contemplar" os vestígios da nossa presença e uma "tentativa" de museu do que foi aquela tabanca e local da presença dos portugueses.  Há indicações, inclusive, dos locais onde se situavam os abrigos, a artilharia e outros espaços que a presença militar exigia.
Sou o sexto, de pé, da esq. para a dir. 









Foi, novamente, um encontro muito agradável. Todos com setenta e mais anos de idade. Tenho pena de não reencontrar os açorianos, uma grande parte emigrante nos Estados Unidos e Canadá. Mas, enquanto for possível, todos os anos, uma parte e respectivas famílias marcarem presença, obviamente, será bom sinal. Fizemos um passeio de barco pelo rio Cávado (Barragem da Caniçada). Um paraíso! O almoço foi excelente. Escolhi "cabrito à Gerês". Uma delícia. 
Até para o ano, queridos Amigos. Em Águeda.
Ilustração: Arquivo próprio 

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