"(...) Veio tipo colónia, veio meia hora falar com uns patinhos como se nós fossemos todos uns atrasados mentais à espera das lições do senhor (...)", declarou, na "festa da cebola", o presidente do governo regional da Madeira. Referia-se à presença, na Região, do secretário-geral do Partido Socialista, Dr. António Costa.
A frase é completamente desajustada e, diria mais, manifestamente ofensiva. Vou por partes.
Quatro aspectos gostaria de salientar nesta breve reflexão. Primeiro, uma questão de vivência democrática, porque somos portugueses do Minho ao Corvo, os partidos políticos são nacionais e, nas eleições europeias elegem-se deputados de uma lista nacional. Em segundo lugar, uma questão de educação. Aquela declaração vai ao arrepio do exemplo que deveria partir de quem tem responsabilidades de governo. De que vale a escola tentar disseminar os princípios da tolerância (ONU) isto é, "o respeito, a aceitação e o apreço pela diversidade em todos os seus âmbitos", se um governante, com 24 palavrinhas destrói, completamente, a liberdade do próximo? Terceiro, o presidente do governo regional, por inerência, é Conselheiro de Estado, logo, uma figura que, no mínimo, deve assumir uma postura de união entre os portugueses, nunca a divisão entre bons e maus madeirenses, entre bons e maus portugueses. Quarto, sendo o presidente do governo regional um importante parceiro nas negociações políticas, com que à vontade se sentará à mesa, com o Primeiro-Ministro, para discutir os dossiês da governação, quando atira a pedra da ofensa em claro desrespeito institucional?
De facto, o senhor presidente do governo regional trata os insulanos como "se nós fossemos todos uns atrasados mentais". A cópia, eu diria fotocópia, é sempre de pior qualidade que o original. E se o original da ofensa gratuita teve um tempo, que cansou e fez despertar incómodos sem fim, a fotocópia revela-se, no plano político, muito pouco inteligente e desastrada. O povo vem dando mostras que já não vai nesse tipo de paleio. Aliás, julgo que toda a oposição na Madeira aplaudiu aquela declaração do presidente do governo regional.
Ilustração: Google Imagens.
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