Adsense

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Pela Dignidade

 

Nos últimos meses, um pouco por todo o país, de forma recorrente, têm sido públicas situações que deixam qualquer pessoa a reflectir sobre o comportamento de alguns investidos em funções de natureza política. Situações de pasmar! Como é possível? Eu sei que só depois de uma investigação e de uma decisão por um qualquer Tribunal, transitada em julgado, no caso de condenação é que se pode deduzir que o sujeito x ou y teve comportamentos ilícitos. Até lá ninguém deve ser condenado na praça pública e todos devemos assumir a presunção de inocência. Certo.



Só que esta história de todos dizerem que "estão em paz com a sua consciência", muitas vezes cheira a treta por serem palavras de circunstância. Quem está em paz com a sua consciência, presumo, que o que deve declarar exprime-se em uma só palavra: "investigue-se". Não é isso que acontece. A primeira reacção, normalmente, é de defesa, é de que tudo foi concretizado de acordo com o rigor da Lei. 

Digo eu, admitamos que sim. Só que um cidadão, eleito ou não, detentor de um cargo ou função política, não é que se lhe exija mais do que a qualquer um outro, mas, publicamente, contra si decorre o facto de ser figura pública. E ao político exige-se a mais completa lisura e transparência nos seus actos. Antes, durante e depois das funções exercidas.

Quando alguma situação passa a ser alvo de investigação, aí, qualquer um deve retirar a correspondente leitura política e, imediatamente, não escudar-se em desculpas ou na imunidade plasmada na Lei. O povo não aceita. O povo, no mínimo, fica de pé atrás. Em sua própria defesa e da sua imagem pública, parece-me óbvio que o político se deve afastar, para mais facilmente provar a lisura dos seus comportamentos. Um político ferido na imagem perde a voz, os argumentos e, em muitos casos, fica desacreditado. Ninguém o leva a sério para além dos actos meramente protocolares. 

Isto sempre foi assim, quase todos os dias confrontamo-nos com situações constrangedoras, talvez agora mais agravadas, em alguns casos, porque é sensivelmente crescente uma ânsia de poder e ou de dinheiro. Uns atribuem a Mark Twain, outros a Benjamin Franklin, seja a quem for que pertença a frase, de facto, "os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão."

Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: