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segunda-feira, 21 de junho de 2021

Escola de S. Jorge (Santana-Madeira) transformada em lar




FACTO

A Escola de 2º e 3º ciclos de S. Jorge, inaugurada a 5 de Outubro de 2010 e que há dois anos está desactivada, será transformada num lar para pessoas idosas. A propósito, assume o vice-presidente do governo: "(...) ressalvo esta componente inovadora, que se anticipa ao todo nacional (...)". Fonte: Dnotícias, edição de hoje.

COMENTÁRIO

A 9 de Fevereiro de 2009 escrevi um texto a propósito de um comentário que escutei na RTP-M. Dizia o comentador: "não há um economista, um expert qualquer dessas áreas com capacidade para dizer o que vai acontecer amanhã". A propósito desta posição reagi com a seguinte argumentação:
"A necessidade de predizer já vem de longe. Henry Fayol, no início do século anterior, falava de programação, concertação, previsão, projecção, extrapolação! E hoje, mais do que nunca, pela necessidade de desenharmos o futuro por forma a podermos prepará-lo. A previsão do futuro consiste apenas em modelar uma estrutura de informação. Digamos que a previsão constitui a primeira fase do processo de planeamento. Certo? A previsão é, portanto, uma atitude prospectiva, de representação provável de uma situação futura. Por outro lado, a previsão está muito ligada às questões da mudança e aqui podíamos falar da mudança fechada, própria de organizações deterministas (penso ser o caso do governo regional); da mudança contida baseada em relações de causa-efeito (próxima da estatística) e da mudança aberta.
E quanto às técnicas a utilizar, entre outras (brainstorming e método de Delfos) pode-se falar dos critérios lógico (quantitativo, baseado na estatística, e qualitativo, baseado em opiniões, conjecturas e especulações); e no critério causal. Portanto, logo por aqui, eu diria que é um erro dar a entender que a previsibilidade é uma treta.
Por outro lado, ainda, os que acreditam nos benefícios do planeamento dizem que o “futuro já está entre nós”. Há vários autores a falar desta maneira. E se ele está aí e em constante elaboração, temos, apenas, que predizer sobre os conhecimentos certos (os que estão sob o controlo do planeador - variáveis conhecidas), os incertos onde se encontram as variáveis conhecidas mas que não se controlam, e os desconhecidos (no extremo, uma guerra). Por isso há planos de contingência.
O que tem falhado é que o governo não quer saber do planeamento para nada (vejamos, por exemplo, o que se passa com os instrumentos de ordenamento do território) e, por isso, por má gestão, obras gigantescas, irresponsabilidade de quem dirige, demissão, falta de controlo e descontrolo sobre o futuro, estamos na situação em que nos encontramos. Porque não souberam predizer e porque o governo continua a processar as mesmas soluções que utilizaram no passado, não pode esperar obter outros resultados senão aqueles que já foram obtidos no passado.
A posição do governo tem sido sempre reactiva, isto é, espera que o futuro aconteça para depois reagir, o que significa que, normalmente, anda atrás dos acontecimentos. Prever os acontecimentos do futuro para se ajustar, pode até não ter qualquer utilidade. Isto porque, geralmente, não somos capazes de reagir em tempo real. Só restava e resta ao governo fazer com que o futuro aconteça. E nisso ele foi incapaz de o fazer.
Dois autores a considerar:
Peter Drucker - considera que o planeamento a longo prazo é um processo contínuo e sistemático de tomar decisões actuais, com o melhor conhecimento dos seus efeitos no futuro.
H. Mintzberg - considerou o planeamento: um pensamento acerca do futuro; um controlo sobre o futuro; um processo de integrado de tomada de decisão; um procedimento formalizado para produzir um resultado articulado na forma de um sistema integrado de decisões.
Se o governo em vez de ler Keynes tivesse lido estes dois autores teria sido melhor para a Madeira".
No caso da Escola de S. Jorge, que custou alguns milhões, o problema está na ausência de PLANEAMENTO, quando era expectável uma significativa diminuição da população residente no concelho de Santana. O próprio Dnotícias, na página 4, demonstra que, em 2004 residiam, em Santana, 8.459, em 2010, 7.731 e, em 2020, 6.648. Conjugando vários factores, esta situação era PREVISÍVEL. Então, pergunta-se, para quê construir, na dimensão e nos encargos, uma obra que se tornaria (!) inadequada? Porque apenas estava no programa de governo?
Agora, juntar-se-á aos encargos de construção, os da readaptação a um lar. E assim se esvai o dinheiro público. Planeamento é o que falta. "Componente inovadora", qual?

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