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quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Aceitar o mesmo lugar político depois de ter sido "despedido"

 

Obviamente que a participação em lugares de natureza política constitui um serviço à comunidade e jamais um emprego. Há quem pense que não. Exemplos não faltam. Porém, quando assisto a uma autêntica dança de cadeiras sem uma justificação consistente, cadeiras com rodinhas que rodam e voltam a rodar entre os mesmos, concluo que alguma ou muita coisa de bastidores, interesses, pressões e equilíbrios partidários internos acabam por falar mais alto. 


O mais grave é que as pessoas aceitam esta dança, em lugares de governo, com absoluta normalidade. Convidam uma dada pessoa, pressuponho pela sua qualidade e, tempos depois, "despedem-na" com a maior serenidade. Passado um tempinho, o "despedido" aceita regressar ao lugar onde, deduzo, "não terá sido feliz". 

No governo da Região isso tem ocorrido com regularidade. Exemplos: uma Senhora a quem foi dito que estaria, alegadamente, "a dormir na forma" no Instituto que presidia (politicamente, deduzo), saiu e, logo depois, surgiu como secretária regional. Passado um tempo foi afastada e aceitou um lugar de relevo na administração de um importante sector, sem que tivesse um currículo que justificasse. Um outro, convidado para secretário, passados uns meses foi "dispensado" e, mais tarde, convidado a regressar exactamente ao mesmo lugar. E a historia não fica por aqui. Uma outra secretária regional foi "convidada" a sair, esteve de passagem por um importante instituto (que obrigou a uma mudança na legislação) e, agora, regressou à posição anterior por "dispensa" da Senhora que a substituiu. Com uma agravante: se ontem, uma estaria a "dormir na forma", agora, esta foi dispensada pela "necessidade do governo estar sempre a melhorar". O que pode significar a atribuição de um rótulo de incompetência para quem foi dispensado. Sejam quais forem as razões, no mínimo, aquela justificação é de mau tom.

Parece-me uma dança esquisita. Nos casos em apreço, o problema não está, apenas, na dispensa das funções governativas; está, fundamentalmente, na aceitação do regresso. Se não corresponderam ou foram considerados "erros de casting", como é possível, questiono, aceitar um regresso a um lugar de onde foram "despedidos". Para mim, situações destas, pelo meu desprendimento, são graves para ambas as partes.

Da mesma forma que, no plano nacional, considero inaceitável que um político, concretamente, o ministro da Administração Interna, se mantenha em funções depois de tantos e tantos casos que o escrutínio público, sucessivamente, condenou! Dou comigo a reflectir: e se fosse contigo? Analisado o quadro geral, colocaria o lugar à disposição. Saía e deixava os holofotes para outros! Por aqui, não só nunca regressaria a um lugar de onde tinha sido dispensado, como nunca aceitaria um lugar para o qual não tivesse um currículo e experiência que permitissem cumprir uma dada missão. Mas há quem corra e corra e deixe para trás os princípios e valores.

Ilustração: Google Imagens

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