Sento-me para ler as últimas notícias e zás... dou com a morte do meu querido Amigo Luís Calisto. Uma amizade que vem dos anos 60 quando integrámos as equipas de juvenis e de juniores do Marítimo. Desde então ficou sempre uma relação de consideração e estima. Não uma amizade selada em convívios (apenas jantou uma vez na minha casa) ou através de tertúlias, mas porque a palavra Amizade tinha para ele e para mim um significado mais vasto, de pessoa em quem se pode confiar e onde existe uma relação de afecto e respeito mútuos. Frequentemente, entrávamos em contacto, mais que não fosse para apenas perguntar: como estás?
Tem poucas semanas, estava eu no Porto e apeteceu-me falar-lhe. Segui a sua doença e isso bastava para saber do Amigo. Intencionalmente, deixava essa questão para o final do nosso paleio. Passávamos em revista a actualidade política, ele sempre com um humor corrosivo, mas profundo na sua análise. E, no momento certo, questionava-o de forma subtil: "Luís, e o resto, está tudo controlado?" Respondeu-me que sim. Que estava em permanente vigilância, mas que se sentia bem. Era o que eu gostava de ouvir, porém, da minha parte, sempre com algumas dúvidas. A voz não me agradava, confesso.
Mas, perante as suas palavras, nós que somos do mesmo "escalão", disse-lhe que ainda iríamos ver o fogo pelo menos 25 vezes. Respondeu-me: "André, se alguém tiver a paciência de nos levar à varanda!" Rimos, passando ao lado das questões de saúde.
Pois, Luís, estamos sempre na fila e agora a tristeza invade-me. Foste um Amigo. Tinhas entre mãos vários e muito interessantes projectos para publicação e, ainda assim, não esqueço, arranjaste tempo para ler um livro da minha autoria que em breve chegará ao mercado. Pacientemente o leste, aconselhaste-me sobre vários pontos, corrigi-os e, portanto, Amigo Luís, ele tem a tua mão. Obrigado Luís.
O Luís foi um Jornalista brilhante. Os seus textos em livro são de uma leitura doce, onde pontifica a narrativa cuidada. Deixa um legado por onde passou e isso será sempre lembrado. Curvo-me perante a morte de um Amigo.
A toda a sua família apresento as sentidas condolências.
Nota
Em Maio de 2020, no início da sua doença, escrevi um texto subordinado ao título: "Luís Calisto, por favor, não chutes para fora"
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