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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

FAÇAM ALGUMA COISA... MEXAM-SE!


"Falei da DRAC, mas a Câmara Municipal do Funchal também não deve alhear-se das suas responsabilidades e está ainda a tempo de fazer alguma coisa. Poucas cidades deste país podem orgulhar-se de ter um "filho" com a craveira cultural e intelectual de António Aragão. António Aragão, para além do artista, historiador e homem de letras que foi, dirigiu uma instituição, o Arquivo Regional, a que devemos muito da organização da documentação da nossa história. Apetece-me dizer: porra, falam tanto de autonomia, mas esquecem os homens que emprestaram valor reconhecimento e prestígio à sua afirmação nacional". Texto de Danilo Matos, deixado  na minha página de facebook.


Caríssimo Amigo Danilo, será uma questão de dinheiro ou de insensibilidade? Não sei. Factos que demonstram a insensibilidade através da destruição de património, existem muitos. Nos últimos vinte anos, no Funchal, contam-se dezenas de casos. Tenho elementos que provam-no. Será pela falta de dinheiro? Não, não creio que seja por isso. Portanto, estou mais inclinado para a insensibilidade, esquecendo-se alguns que a cultura é geradora de economia. Sei quanto pago para visitar museus e até catedrais. 
Cada um na sua dimensão, obviamente, tive a felicidade de visitar muitas casas de figuras que nos deixaram inquestionáveis legados. Três exemplos, entre muitas casas que tive o ensejo de visitar: a casa e os jardins de Claude Monet, em Giverny, a norte de Paris; a casa de Shakespeare, em Stratford-upon-Avon ou a de Mozart em Salzburg. Tenho presente os cantos e recantos desses espaços. De tempos em tempos a elas regresso através do vídeo ou das fotografias. Amigo meu com quem viajei durante muitos anos, disse-me tantas vezes: há filas para entrar num estádio de futebol, mas veja aqui, no Louvre, a fila e o tempo que temos de esperar. O mesmo me disse junto aos museus do Vaticano, no Prado ou na Reina Sofia em Madrid, no Van Gogh em Amesterdão ou nas catedrais de Colónia ou de Ulm, na Alemanha. Por todo o lado sente-se que a cultura cada vez mais vende. Tive a felicidade, repito a palavra felicidade, de visitar, por duas vezes, a Galeria Uffizi, em Florença e, com bilhete na mão, esperei mais de quarenta e cinco minutos para lá entrar. Ou, então, o tempo de espera junto à majestosa catedral da Sagrada Família, em Barcelona. Portanto, Caríssimo Danilo, faltou e falta em sensibilidade o que em dinheiro abundou! E que ainda existe. Está é muito mal distribuído, como se sabe. Falo de sensibilidade. Eu visito porque considero importante, para conhecer e aprender (o mesmo se passa com tantos milhões de turistas), embora, no meu caso, não seja, nem minimamente, uma pessoa com a necessária formação para interpretar tanto que as oportunidades me possibilitaram.
Vivi ao lado da casa de António Aragão, na Calçada do Pico. Ele no 35 e a minha família no 37. Conheci o Dr. António Aragão e a sua mulher Estela, recentemente falecida. Julgo que aquela casa poderia ser aproveitada para enquadrá-la no roteiro histórico de S. Pedro, nela figurando a sua obra a par das aquisições por ele realizadas. Dispenso e lá nunca entrarei nessa futura "casa-museu" de Alberto João Jardim, mas não dispensaria ver o essencial da casa de Aragão. E para quem tiver dúvidas sobre a figura que, na expressão do Escultor António Rodrigues, "vai a leilão", deixo um link do blogue do Advogado e Historiador Rui Nepomuceno. Façam uma visita e leiam-no. Entretanto, façam também alguma coisa... mexam-se em defesa das nossas memórias e referências.
http://ruinepomuceno.blogspot.pt/2010/02/antonio-aragao-e-o-experimentalismo.html
Ilustração: Google Imagens. Trabalhos de António Aragão.

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