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quarta-feira, 15 de julho de 2009

CUIDADO, ESTÃO A MATAR A ESCOLA

Uma tarefa absolutamente inadiável é a da profunda alteração das características enquadradoras do sistema educativo regional. São tantas as áreas de intervenção a repensar que só com uma elencagem decrescente de tarefas se conseguirá corrigir e dar rumo ao futuro. Eu diria, sem qualquer exagero, que o sistema educativo está em cacos. Os erros repetem-se e há muito que se entrou na perigosa situação de já não se dar conta da persistência do erro. A rotina tomou conta do sistema. E à medida que ela cada vez mais se enraíza são sensíveis os sinais da multiplicação burocrática e da tendência para tudo centralizar e regulamentar. Eu diria que o peso institucional está a matar a Escola. A lei da Autonomia, Gestão e Administração dos Estabelecimentos de Educação e Ensino tornou-se meramente decorativa. Hoje, tudo passa pelos serviços ditos "competentes"(?). As Direcções Executivas são, por isso, meras executoras de tarefas que outros, muitos que nunca foram professores, que nunca experimentaram a Escola, definem como regras a seguir. São psicólogos, professores e inspectores sem experiência profissional, licenciados em outras áreas do conhecimento, enfim, todos ditam projectos e ordens, todos convocam e lançam directivas que, grosso modo, nada estão a ajudar a (re)construção de uma Escola portadora de futuro. Já não bastava (estes são simples exemplos) o sistema organizacional interno estar fortemente condicionado pela vontade política externa; já não bastava o "fundo escolar" ser uma miragem; já não bastava a imensidão de actos burocráticos que nada adiantam na valorização dos alunos; já não bastava as refeições servidas no meio escolar estarem padronizadas, hoje, até as matrículas e o número de turmas, isto é, de quem vai para ali ou para acolá, é superiormente definido e regulamentado. Autonomia(?), por favor, não brinquem com o significado das palavras.
Uma coisa é definir princípios orientadores fundamentais, outra é querer centralizar e padronizar tudo, roubando e matando a capacidade de cada estabelecimento de educação ou de ensino de definir o seu próprio percurso organizacional e pedagógico. Decididamente, não sabem o que estão a fazer. Uma coisa dou por adquirida em função da vivência do meio escolar e dos relatos que me chegam: estão a matar a criatividade, a inovação e o sentido de escola. Hoje, lamentavelmente, exigem que se repita o que outros já definiram, sem olhar aos contextos. O pior é que pensam que estão certos quando há tantos investigadores a dizerem o contrário.

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