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quinta-feira, 9 de julho de 2009

TRÊS "AVC" POR DIA

São cerca de 1.200 casos por ano. Uma média de três pessoas por dia sofrem um "acidente vascular cerebral", número que torna a Região da Madeira líder, pela negativa, relativamente à estatística nacional. Aliás, constitui a principal causa de morte em Portugal e não só. Nos Estados Unidos verifica-se um AVC a cada quarenta segundos. Pelas estatísticas verifica-se que estes acidentes estão entre as três causas de morte em todo o mundo. Ora, isto tem razões mais profundas para além do conhecimento empírico traduzido nos valores da pressão alta, na deficiente alimentação, na diabetes, altos valores de colesterol e triglicéridos, consumo de tabaco, álcool e na falta de exercício físico, factores estes que, genericamente, todos dominam. Interessa, pois, independentemente até, de eventuais causas de natureza genética, entre muitas outras, perceber as razões que subjazem nos factores predisponentes ou catalizadores dos AVC.
Da leitura cruzada que faço da imensa documentação existente e dos muitos autores que sobre estas matérias se debruçam, um traço comum os une: uma larguíssima percentagem poderia ser evitada se outra fosse a organização social e a correspondente responsabilidade política. E podemos começar pelo mundo do trabalho e pelas leis laborais. Pelo trabalho cada vez com maiores deveres e cada vez com menos direitos, onde floresce o emprego instável e uma cega exigência pela rentabilidade sem pagamento das horas extraordinárias, com baixas remunerações face aos altos custos de vida. Podemos começar por aí e pela peregrina frase de Tom Peters, um guru da gestão: "nada haverá mais certo no futuro que o emprego incerto". Cruzemos a profundidade desta síntese com as consequências que daí derivam: o stress, as angústias, o refúgio nas dependências.
Depois, esta desmesurada sociedade de consumo, a lógica em que se funda, onde o ter se sobrepõe ao ser. Ben H. Baddikian, citado por Jorge de Campos, in A Caixa Negra, pág. 106, sublinha que "os senhores da aldeia global têm a sua própria agenda política e resistem a quaisquer mudanças económicas e sociais que não se ajustem aos seus interesses financeiros. Juntos eles exercem um poder homogeneizante sobre as ideias, a cultura e o comércio que afectam as maiores populações de que se tem conhecimento desde sempre. Nem César, nem Hitler, nem Roosevelt nem qualquer Papa tiveram tanto poder como eles para moldar a informação da qual tantas pessoas dependem para tomar decisões sobre as mais variadas matérias: desde em quem votar até ao que comer".
Na verdade hoje somos vítimas da gestão das mentes e isto acaba por ter influência directa no comportamento colectivo. A sociedade é conduzida e nem disso se dá conta. Não se trava o consumo do tabaco, porque o imposto rende e muito aos cofres públicos; não se acaba com o "vinho seco" ainda na lógica de Salazar que disse: "beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses"; gasta-se milhões do desporto profissional para alimentar alguns egos e estupidificar a população, mas não se desenvolve a mentalidade que o desporto é cultura e que deve fazer parte dos nossos hábitos; trazem mais automóveis para dentro das cidades e criam parques de estacionamento ao contrário de as libertar através de ciclovias e do Park & Ride.
E, no meio de tudo isto, o excesso de peso. Por exemplo, segundo um estudo da IOT (Internacional Obesity Task-Force) o excesso de peso “é a doença infantil mais comum na Europa com uma prevalência assustadora em crianças com idades próximas dos dez anos”. Em Portugal “uma em cada três crianças já sofre de obesidade, o que coloca Portugal entre os primeiros lugares da lista de países europeus com maior incidência da doença”. Mas o problema não se coloca apenas ao nível do 1º ciclo do Ensino Básico. Um estudo de investigadores dinamarqueses, que abrangeu perto de 30 mil jovens de 15 países, revelou que os Estados Unidos são o país com mais adolescentes com excesso de peso. Portugal, Grécia e Irlanda estão logo a seguir dos valores norte-americanos, nos jovens entre 13 e 15 anos. A obesidade foi declarada uma ameaça global pela Organização Mundial de Saúde, podendo originar doenças cardiovasculares e diabetes, entre outras. Entre 50 a 80 por cento dos adolescentes obesos tornam-se adultos obesos. Daqui se pode inferir que a saúde não pode ficar à margem da escola. Só que, neste momento, salvo raras excepções, os projectos educativos não contemplam substantivas preocupações daquela natureza, não fomentam estilos de vida activos saudáveis, nem vinculam os alunos a práticas regulares de actividade física durante o crescimento. Estas crianças que andam aí correm sérios perigos, são estes os potenciais candidatos a um AVC. E quem tem a responsabilidade de governar não tem demonstrado sensibilidade e responsabilidade para atacar as verdadeiras causas que subjazem ao facto de liderarmos tão assustadora estatística.

2 comentários:

Vicentino disse...

há um movimento de pessoas que apoia o senhor professor João Carlos gouveia para nosso presidente em São vicente porque ele é boa pessoa e é amigo dos pobres e dos velhinhos.

divulge e visite http://jcgsaovicente.blogspot.com/

Vanessa Dias disse...

Neste momento, estamos todos mais preocupados com o salário do Cristiano Ronaldo, com a nova ponte e com o suposto comboio supersónico. Estes assuntos todos juntos ofuscam as restantes capacidades mentais dos portugueses, vá-se lá saber porquê.

Acho que também se poderá acrescentar, para além da criação dos parques de estacionamento em cima das cidades, os computadores portáteis "distribuídos" pelo Senhor Engenheiro José Sócrates, que eu acredito profundamente que irão ajudar as crianças deste país a saber o que é ter problemas nas articulações, falta de vista e ausência de vida activa.