São cerca de 1.200 casos por ano. Uma média de três pessoas por dia sofrem um "acidente vascular cerebral", número que torna a Região da Madeira líder, pela negativa, relativamente à estatística nacional. Aliás, constitui a principal causa de morte em Portugal e não só. Nos Estados Unidos verifica-se um AVC a cada quarenta segundos. Pelas estatísticas verifica-se que estes acidentes estão entre as três causas de morte em todo o mundo. Ora, isto tem razões mais profundas para além do conhecimento empírico traduzido nos valores da pressão alta, na
deficiente alimentação, na diabetes, altos valores de colesterol e triglicéridos, consumo de tabaco, álcool e na falta de exercício físico, factores estes que, genericamente, todos dominam. Interessa, pois, independentemente até, de eventuais causas de natureza genética, entre muitas outras, perceber as razões que subjazem nos factores predisponentes ou catalizadores dos AVC.

Da leitura cruzada que faço da imensa documentação existente e dos muitos autores que sobre estas matérias se debruçam, um traço comum os une: uma larguíssima percentagem poderia ser evitada se outra fosse a organização social e a correspondente responsabilidade política. E podemos começar pelo mundo do trabalho e pelas leis laborais. Pelo trabalho cada vez com maiores deveres e cada vez com menos direitos, onde floresce o emprego instável e uma cega exigência pela rentabilidade sem pagamento das horas extraordinárias, com baixas remunerações face aos altos custos de vida. Podemos começar por aí e pela peregrina frase de
Tom Peters, um guru da gestão: "nada haverá mais certo no futuro que o emprego incerto". Cruzemos a profundidade desta síntese com as consequências que daí derivam: o stress, as angústias, o refúgio nas dependências.

Depois, esta desmesurada sociedade de consumo, a lógica em que se funda, onde o ter se sobrepõe ao ser. Ben H. Baddikian, citado por Jorge de Campos, in A Caixa Negra, pág. 106, sublinha que "os senhores da aldeia global têm a sua própria agenda política e resistem a quaisquer mudanças económicas e sociais que não se ajustem aos seus interesses financeiros. Juntos eles exercem um poder homogeneizante sobre as ideias, a cultura e o comércio que afectam as maiores populações de que se tem conhecimento desde sempre. Nem César, nem Hitler, nem Roosevelt nem qualquer Papa tiveram tanto poder como eles para moldar a informação da qual tantas pessoas dependem para tomar decisões sobre as mais variadas matérias: desde em quem votar até ao que comer".
Na verdade hoje somos vítimas da gestão das mentes e isto acaba por ter influência directa no comportamento colectivo. A sociedade é conduzida e nem disso se dá conta. Não se trava o consumo do tabaco, porque o imposto rende e muito aos cofres públicos; não se acaba com o "vinho seco" ainda na lógica de Salazar que disse: "beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses"; gasta-se milhões do desporto profissional para alimentar alguns egos e estupidificar a população, mas não se desenvolve a mentalidade que o desporto é cultura e que deve fazer parte dos nossos hábitos; trazem mais automóveis para dentro das cidades e criam parques de estacionamento ao contrário de as libertar através de ciclovias e do Park & Ride.

2 comentários:
há um movimento de pessoas que apoia o senhor professor João Carlos gouveia para nosso presidente em São vicente porque ele é boa pessoa e é amigo dos pobres e dos velhinhos.
divulge e visite http://jcgsaovicente.blogspot.com/
Neste momento, estamos todos mais preocupados com o salário do Cristiano Ronaldo, com a nova ponte e com o suposto comboio supersónico. Estes assuntos todos juntos ofuscam as restantes capacidades mentais dos portugueses, vá-se lá saber porquê.
Acho que também se poderá acrescentar, para além da criação dos parques de estacionamento em cima das cidades, os computadores portáteis "distribuídos" pelo Senhor Engenheiro José Sócrates, que eu acredito profundamente que irão ajudar as crianças deste país a saber o que é ter problemas nas articulações, falta de vista e ausência de vida activa.
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