O exercício da política deve ser sempre interpretado como um serviço público à comunidade. Nunca como um emprego. Daí o meu desprendimento. Estou, quando acredito, mesmo em um mar de adversidades; interrompo, quando descortino que a minha coluna está a ser tocada ou violentada. Não está em causa a divergência de opinião, pois entendo-a como princípio basilar da vivência democrática, qual fermento que ajuda o colectivo a crescer. O que tenho sérias dificuldades em aceitar e "digerir" é o silêncio calculista, perturbador e as zonas translúcidas dos processos.
Tenho as minhas convicções políticas, profundamente enraizadas pela experiência de vida. Não foram, apenas, as minhas leituras, a confrontação do essencial dos textos, a "herança" do meu pai, mas a permanente ligação do que fui conjugando com a vivência do mundo real, partindo do universal para o local e vice-versa. Sou socialista e ponto final. Filiado, isso sim, nos princípios e nos valores, de uma "declaração de princípios" que não rasgo ou apenas olho quando dá jeito. Sempre gostei de responder às exigências sócio-políticas do mundo contemporâneo, aos valores da liberdade, da igualdade, da solidariedade, da integração social, da diversidade e da iniciativa, responder à defesa da promoção dos direitos humanos, neste pressuposto, também, aos direitos primaciais das liberdades, garantias e da democracia política, responder à paridade entre géneros na vida cívica, económica, cultural e social, responder ao combate às desigualdades e discriminações, responder a uma economia de bem-estar, de regulação do mercado na defesa da coesão social e territorial, o que implica a defesa do Estado Social, a independência do poder político face aos poderes económicos, responder, ainda, radicalmente, à defesa da democracia, do ambiente e da sustentabilidade, da intervenção democrática dos trabalhadores, responder a uma cultura humanista, científica e tecnológica e a uma nova ordem económica internacional. É por isso que sou socialista e com orgulho. É por isso que tantas vezes digo que o PS é para mim muito mais, repito, muito mais, do que os lugares que circunstancialmente ocupei ao longo da vida ou agora ocupo. O partido é apenas um instrumento capaz de conduzir à implementação desses princípios orientadores. Obviamente que respeito os outros amigos de percurso político, distribuídos por vários partidos, mas luto pelas minhas convicções, sem atropelos e tentando sempre procurar os pontos de encontro e não os desencontros.
O exercício da política deve ser sempre interpretado como um serviço público à comunidade. Nunca como um emprego. Daí o meu desprendimento. Do meu currículo, de Assembleia constam apenas dois mandatos. Estou, quando acredito, mesmo em um mar de adversidades; interrompo quando descortino que a minha coluna está a ser tocada ou violentada. Não está em causa a divergência de opinião, pois entendo-a como princípio basilar da vivência democrática, qual fermento que ajuda o colectivo a crescer. O que tenho sérias dificuldades em aceitar e "digerir" é o silêncio calculista, perturbador e as zonas translúcidas dos processos. Gosto da frontalidade, do debate olhos nos olhos, de reconhecer a inteligência dos outros, dos processos de integração e não de divisão, gosto de viver no sentimento que sou apenas mais um que conjuga esforços com os demais.
Mas, enfim, a vida é assim, muitas vezes não é aquilo que ambicionamos. Temos de aceitar os desencontros com serenidade, na esperança de novos encontros. O problema central, esse, de facto, é um problema, é que a Madeira está, mais ou menos, a 115 dias de eleições legislativas regionais. E este aspecto preocupa-me, aliás, como já aqui escrevi. Não disputo lugares, quero uma alternativa de poder. E é neste sentido que tem de ser encontrada uma saída política geradora de CONFIANÇA, só possível com credibilidade política, técnica e notoriedade social, para que se possa cumprir a tal "declaração de princípios" com que iniciei este texto ao jeito de desabafo. A cada dia que se passa o tempo escasseia e não é através de calculismo e de pressões que o problema maior se resolve. Este é o meu "drama", porventura, não o de muita gente.
Ilustração: Google Imagens.
4 comentários:
Meu aro André.
Ser Socialista, quanto a mim é dizer que sou sócio.
Sim!!! Sou também sócio duma sociedade que cada vez mais foge do bem estar de cada um. De tanto ver singrar os incompetentes, os parasitas e como diz o Miguel Esteves Cardoso " os lambecus", cada vez me sinto mais distante deste mundo cruel.
Estamos a 115 dias de eleições? Eu diria que o 115, vai permanecer, pois o 112 já está instalado mas, muita gente continua a ligar o 115.
Enquanto não se desmantelarem todos os "óculos escuros",esse pobre povo será sempre espezinhado e maltratado. POVO laborioso fora da Madeira, mas na sua terra acomodativo e cegueta.
Possivelmente quando abrir os olhos, já é demasiado tarde.
Um abraço
João
Obrigado pelo seu comentário, Caríssimo João.
Vamos lá ver se não necessitamos de um 112.
Meu Caro Amigo
Subscrevo integralmente tudo o que escreveu. Também partilho o "drama" que o incomoda,embora o meu não possa comparar-se com o seu, substancialmente agravado pelo "dever de ofício" que o vincula.
Creia que,dadas as circunstâncias, não o invejo!
Um abraço.
Obrigado pelo seu comentário. É de Amigo e de pessoa que pensa a política. Um abraço.
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