Defendo a necessidade de movimentos de cidadãos que, pela sua postura e reconhecimento social, possam manter o poder em constante preocupação. Porém, o facto de assim pensar, não significa que não tenha bastas reservas sobre os movimentos descontextualizados da realidade política. É o caso daqueles que têm sido criados na Região Autónoma da Madeira. E as minhas reservas baseiam-se, fundamentalmente, no quadro político asfixiante da Região, na rede tentacular existente que esmaga e tritura que a diversidade do pensamento político flua com normalidade democrática. E quando uma situação destas acontece, pelo peso dos anos, das rotinas e dos constrangimentos que impedem o exercício da liberdade, sustento, também, que os livres pensadores devem reforçar o poder da oposição e não o de a fragmentar.
Os movimentos que nascem dos próprios cidadãos revelam-se, em abstrato, do meu ponto de vista, de uma enorme importância, porque, eventualmente, podem ser mobilizadores da opinião pública, suscetíveis de revelarem novos ângulos de análise, podem, até, ter implicações no comportamento eleitoral. Eu sou dos que acreditam em uma democracia que nasce, verticalmente, de baixo para cima e não daquela que é exercida do vértice estratégico para baixo. Evidentemente, bom seria, no caso político, dispor de um sistema não aferrolhado na torre de marfim, mas de um sistema onde quem dirige tenha a vivência e a consciência do país real, da região real, das pessoas, dos seus estados e desequilíbrios. Sabe-se, porém, pelo dia a dia, que os que lideram, após as promessas eleitorais, rapidamente esquecem as boas intenções e fecham-se na sua concha de interesses pessoais, de grupo ou partidários, hoje, com cordões umbilicais à escala internacional. Os diretórios políticos querem lá saber se o povo está a passar mal. Outras lógicas de poder e de interesses sobrepõem-se aumentando a distância entre o exercício desse poder e a realidade dos governados. Defendo, assim, a necessidade de movimentos de cidadãos que, pela sua postura e reconhecimento social, possam manter o poder em constante preocupação. Este, para mim, constitui um bom princípio de vivência democrática e que, ao fim e ao cabo, corresponde a um dos doze princípios do desenvolvimento: o da participação. Ou as pessoas participam ou os processos tendencialmente morrem!
Porém, o facto de assim pensar, não significa que não tenha bastas reservas sobre os movimentos descontextualizados da realidade política. É o caso daqueles que têm sido criados na Região Autónoma da Madeira. E as minhas reservas baseiam-se, fundamentalmente, no quadro político asfixiante da Região, na rede tentacular existente que esmaga e tritura que a diversidade do pensamento político flua com normalidade democrática. E quando uma situação destas acontece, pelo peso dos anos, das rotinas e dos constrangimentos que impedem o exercício da liberdade, sustento, também, que os livres pensadores devem reforçar o poder da oposição e não o de a fragmentar. É evidente que há mais vida democrática para além dos partidos, mas há contextos que nos devem obrigar a cerrar fileiras em torno de um objetivo comum. Por mais meritória que seja, no quadro dos princípios, as iniciativas de cidadania activa, penso que no contexto regional, com um partido a dominar há 36 anos e face à subserviência do poder da Igreja Católica e ao quadro de menoridade cultural de largas faixas da população, importante é conjugar esforços no seio dos partidos políticos. São esses que vão a votos e são esses os operadores da desejada mudança. Dividir o pensamento estratégico apenas conduz a que o poder continue a ser entregue de bandeja àqueles que alguns dizem combater, mesmo que esses movimentos não tenham por objeto se substituirem aos partidos políticos.
O Povo, mesmo aquele menos escolarizado (não se pode ignorar a existência, segundo o INE, de 58.000 pessoas sem instrução) reconhece onde está a força, a defesa dos seus interesses e a esperança, quando se lhe oferece uma conjugada alternativa. Quando pressente a desunião segue o caminho mais fácil: ou não vota ou aposta no conhecido em detrimento do desconhecido. E, portanto, no caso da Madeira, com eleições autárquicas já para o próximo ano e com a probabilidade de legislativas regionais antecipadas, repito, pontualmente, no estrito quadro político regional, parece-me da maior importância a luta política concentrada nos partidos políticos e não na divisão do pensamento estratégico. Até porque a democracia, na Região, é, ainda, apenas formal e tem se esgotado nos atos eleitorais. Chegará o tempo de uma total abertura onde os movimentos de política global ou setorial terão o seu lugar e a sua indiscutível importância. Mas esta é uma posição meramente pessoal, que não é pacífica e, portanto, sujeita a outras leituras.
Ilustração: Google Imagens.
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