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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

DEFRAUDADOS E REVOLTADOS?


Ele deu o dinheiro que tinha e que não tinha, influenciou no sentido de colocar nos corpos diretivos do associativismo quem quis e entendeu, comprou, à custa do financiamento público, o silêncio dos dirigentes, aproveitou-se, politicamente, de alguns resultados conseguidos para agitar a bandeira do falso sucesso, organizou jantares para medalhar e agradecer, enfim, em toda a sua estratégia só falhou em um aspecto: quis o clube único, a fusão dos clubes com história e aí, o povo, vaiou-o! Saiu escoltado do Estádio dos Barreiros e esse facto não foi perdoado. Os agentes, diretos e indiretos, dessa vaia foram ostracizados.


Tenho pelo dirigente desportivo Rui Marote a melhor consideração e estima pessoal. Desde os tempos em que fui vereador da Câmara Municipal do Funchal. Sempre soubemos colocar o relacionamento pessoal e a cordialidade muito acima das divergências políticas. Daí a minha frontalidade política. Então o meu Caro Rui Marote, enquanto porta voz dos clubes e associações, sente-se defraudado e revoltado com a posição do governo regional em matéria de desporto? Então esta situação não era expectável? Obviamente que sim! Há muitos anos, desde o início dos anos 80, que há textos e posições políticas contra o caminho escolhido pelo governo. No ex-bloco soviético é que a política desportiva assentava em um associativismo todo ele financiado e controlado pelo Estado. Aqui, a opção escolhida foi, exatamente, a mesma, todavia, sob a capa de uma aparente democracia. O mentor desta história sabia, deste os tempos de Salazar, que era politicamente importante seguir o crescimento com as rédeas na mão. Podia assim controlar a Região com o Jornal da Madeira, o futebol e a Igreja. Ele deu o dinheiro que tinha e que não tinha, influenciou no sentido de colocar nos corpos diretivos do associativismo quem quis e entendeu, comprou, à custa do financiamento público, o silêncio dos dirigentes, aproveitou-se, politicamente, de alguns resultados conseguidos para agitar a bandeira do falso sucesso, organizou jantares para medalhar e agradecer, enfim, em toda a sua estratégia só falhou em um aspecto: quis o clube único, a fusão dos clubes com história e aí, o povo, vaiou-o! Saiu escoltado do Estádio dos Barreiros e esse facto não foi perdoado. Os agentes, diretos e indiretos, dessa vaia foram ostracizados. Tratou-se de um pequeno erro de leitura histórica e sociológica, logo recomposto, e daí para cá, grosso modo, a orientação política manteve-se. Quem não se recorda dos discursos por ocasião dos jantares de aniversário dos principais clubes? A eloquência servida como doce, as promessas de mais um pavilhão, mais um estádio, mais uma outra coisa qualquer. Os aplausos, as pancadas nas costas, a força da palavra contra o Terreiro do Paço! Tudo muito bem pensado e articulado. 
Enquanto isto se passava, multiplicavam-se as dívidas. Mas ele sempre disse... que a história não fala de dívidas, mas de obras, pelo que a "obra do desporto" estava a ser feita, para manter a Madeira no mapa e para retirar os "jovens da droga". Ora, nem a Madeira foi colocada no mapa do sucesso desportivo, porque esse desporto nunca teve sustentabilidade, nem a droga diminuiu, antes aumentou!
Meu Caro Rui Marote, tenho a certeza que lá no fundo é capaz de me dizer que tenho alguma razão e que tudo quanto disse à mesa da vereação da Câmara, durante longos doze anos, tinha razão de ser. Hoje, os resultados estão aí, com os sinais de falência por todo o lado. O caminho, prova-se, estava errado. Como há dias escrevi, o tempo é de desligar a máquina e de criar uma nova política desportiva ao serviço do desenvolvimento. Lamento, isso sim, a situação de muitos dirigentes que acreditaram e que hoje têm complexas responsabilidades, inclusive, junto da banca.
Ilustração: Google Imagens.

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