Todos sabemos o que se está a passar. Os sucessivos governos de um só homem, ignorou que o espaço territorial da Região era finito e que o número de habitantes obrigaria a um plano estratégico de ordenamento comercial, no sentido da oferta adequar-se à procura. Aspetos que falharam e, hoje, temos uma oferta comercial que necessitaria de quatro vezes mais a actual população da Região, um número de camas no turismo desadequado da realidade, e no que concerne às vias de circulação, a Região dispõe de um maior número de quilómetros de vias rápidas comparativamente à Noruega, país do topo no índice de desenvolvimento humano. Estes desequilíbrios, grosso modo, explicam a declaração da Chanceler. Mas também não excluo a possibilidade desta declaração estar articulada com o Primeiro Ministro Passos Coelho, quando em causa está o "buraco" encontrado nas contas da Região e que pesa na dívida portuguesa.
Se há políticos nesta Europa que eu gostaria que saíssem de cena, um deles é a Chanceler Angela Merkel. Não gosto do seu posicionamento político e ponto final. Não gosto do eixo franco-alemão e tudo o que se esconde por detrás das declarações. Todavia, ontem, todos fomos surpreendidos com uma sua declaração a propósito da aplicação, na Região da Madeira, dos fundos estruturais. A sua declaração não traz nada de novo, é certo, apenas constitui uma constatação daquilo que muitos e ao longo de muitos anos andaram a dizer.
É evidente que a declaração da Chanceler alemã não pode ser lida em sentido literal, mas no uso e abuso de fundos sem um critério sustentável e de correspondência com as prioridades. Obras houve, ao longo de trinta e tal anos, que se justificaram, quer no âmbito das vias de circulação quer de outros equipamentos que trouxeram benefícios e modernidade. Mas também houve muitas e muitas que constituíram erros clamorosos pela inoportunidade, megalomania e insustentabilidade das infraestruturas. Uma coisa é a construção do aeroporto, por exemplo, outra, piscinas por todo o sítio sem dinheiro para o seu funcionamento e manutenção; uma coisa é a construção de algumas vias de ligação rápida; outra, também como mero exemplo, a marina do Lugar de Baixo.
Ora, enquanto o dinheiro, recurso sempre escasso, foi derramado por obras sem critério, o sistema empresarial foi, lentamente, definhando e, hoje, é de catástrofe social a situação do desemprego. Todos sabemos o que se está a passar. Os sucessivos governos de um só homem, ignorou que o espaço territorial da Região era finito e que o número de habitantes obrigaria a um plano estratégico de ordenamento comercial, no sentido da oferta adequar-se à procura. Aspetos que falharam e, hoje, temos uma oferta comercial que necessitaria de quatro vezes mais a actual população da Região, um número de camas no turismo desadequado da realidade, e no que concerne às vias de circulação, a Região dispõe de um maior número de quilómetros de vias rápidas comparativamente à Noruega, país do topo no índice de desenvolvimento humano. Estes desequilíbrios, grosso modo, explicam a declaração da Chanceler. Mas também não excluo a possibilidade desta declaração estar articulada com o Primeiro Ministro Passos Coelho, quando em causa está o "buraco" encontrado nas contas da Região e que pesa na dívida portuguesa. O futuro o dirá se este momento da Chanceler não terá sido intencional e concertado, até porque, certamente, em muitos espaços europeus a aplicação de fundos não estar isenta de reparos.
Independentemente da declaração, a verdade é que, o essencial, ao longo de anos, mormente na Assembleia, foi equacionado de forma substantiva. E tudo foi negado e todos os projectos e declarações tiveram o caixote do lixo como destino final. Lembro-me, por exemplo, da defesa dos pólos de desenvolvimento regional, política desenvolvida pelo grupo parlamentar do PS, enquadrada no plano de ordenamento do território, que visava a desconcentração e desenvolvimento de economias sustentáveis externas ao Funchal; lembro-me da defesa que as vias rápidas não poderiam ser, apenas, pontos de partida e de chegada, mas que alguma coisa teria de acontecer pelo meio. Tudo foi para o lixo porque a lógica deste pseudodesenvolvimento baseou-se nos "milhões que possibilitavam fazer inaugurações e nas inaugurações que garantiam ganhar eleições". E hoje estamos pobres, esfarrapados, sem dinheiro, com o desemprego a rondar os 16%, dívidas até ao céu da boca, empresários com o credo na boca, escolas sem dinheiro, sistema de saúde a contar cêntimos, desporto em falência, enfim, estamos em colapso. No meio disto, o homem foi ou vai para Bruxelas. Fazer o quê, não se sabe!
Ou mudamos de vida ou o redemoinho arrastar-nos-á para o fundo. Cuidado.
Ilustração: Google Imagens.
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