Alguns ainda negam as evidências, divagando com a força das palavras em defesa do seu cantinho partidário, como ainda ontem à noite foi evidente através do Deputado Guilherme Silva. Oiço-o e sinto-me nas bancadas de um circo a assistir a uma contorcionista, vergada pelo peso dos anos, mas que teima em manter o mesmo espetáculo de há trinta anos. À distância fico com a noção que aquele corpo de palavras não dá mais e que o público já tem dificuldades em aplaudir os falaciosos argumentos. No seu caso, fala e fala, corta o pensamento dos outros, fazendo-me lembrar os ginastas de há muitos anos que faziam tudo muito rápido para disfarçar as insuficiências técnicas.
Aos poucos, de mansinho, com uma declaração aqui e outra ali, os governantes, pertençam ao governos regional ou autárquico, começam a denunciar que o processo de desenvolvimento que, durante anos, defenderam, estava e está errado. Foi essa forma anormal de gerir a coisa pública que tantas vezes foi motivo de debate na Assembleia Legislativa, mas sempre contrariada e torpedeada pela maioria parlamentar do PSD. Assume, agora, tardiamente, claro, o presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos que os "madeirenses vão cair no real" e deixar-se de devaneios, pois "ninguém queria saber de onde vinha o dinheiro e quem pagava (...) agora acabou". Pois é, foram necessários muitos e longos anos para chegar a essa conclusão. Confesso que me falta alguma paciência para ir lá atrás, às legislaturas passadas, ler o diário das sessões, compilar e colocar sob a forma de livro os trinta e tal anos de alertas, os posicionamentos que refletiam os sinais, desde o amarelo até ao vermelho em que hoje a Madeira se encontra. Alguns ainda negam as evidências, divagando com a força das palavras em defesa do seu cantinho e interesses partidários, como ainda ontem à noite foi evidente através do Deputado Guilherme Silva. Gabo a paciência da Jornalista Daniela Maria Santo. Paciência de santo, sublinho. Oiço-o e sinto-me nas bancadas de um circo a assistir a uma contorcionista, vergada pelo peso dos anos, mas que teima em manter o mesmo espetáculo de há trinta anos. À distância fico com a noção que aquele corpo de palavras não dá mais e que o público já tem dificuldades em aplaudir os falaciosos argumentos. No seu caso, fala e fala, corta o pensamento dos outros, fazendo-me lembrar os ginastas de há muitos anos, que faziam tudo muito rápido para disfarçar as insuficiências técnicas. O Dr. Guilherme Silva deveria passar uma manhã com o autarca Arlindo Gomes ou, então, sendo Deputado, dar-se à maçada (será?) de ler e reler o que foi dito pela oposição, ao longo de todos estes anos, muito antes da Madeira chegar ao descalabro económico, financeiro, social e cultural. Passar uma manhã com o autarca, mas também para questionar e perceber quem lhe deu o aval para várias obras megalómanas por si assinadas. Não sei se mudaria de opinião e de convicções, porque essas parecem-me cegamente entranhadas, mas atenuaria a leitura dos factos. Provavelmente, deixaria de encontrar qualquer bode expiatório para o que na Região se passa.
É o autarca que afirma que os orçamentos não podem ser elaborados tendo "por base os programas políticos", o que significa que tudo tem de ser concretizado na base da realidade, da disponibilidade, das prioridades, do rigor e da disciplina orçamental. Ora bem, pergunto a mim mesmo: mas onde é que já ouvi isto? Tantos o disseram, muitos equacionaram este que foi e é a questão central da deriva da governação regional. Lembro-me de um ex-secretário, há já uns anos, ter-me dito no meio de amena conversa: "dinheiro é coisa que não falta, não se preocupe com isso". Pois, estava o dito secretário a viver o sonho da árvore das patacas, um tempo de vacas gordas cujas tetas permitiam múltiplas ordenhas, um período de permanente regabofe inauguracionista que não parecia terminar. Mas terminou, conduzindo ao empobrecimento de quase todos, ao desnorte, ao cofre vazio, à mão estendida aos humores de uma ou mais "troikas". É por isso que me parece ser tempo de acabar com este sofrimento, com esta falta de esperança, com este faz que anda mas não anda, com este paulatino deslizar para a tragédia, com esta histórica tendência de empurrar para os outros culpas próprias, com este populismo desenfreado, com o planeamento feito no adro das igrejas, com as clientelas políticas, com os favorecimentos a alguns em detrimento de todos os outros do sistema empresarial. É tempo do povo retirar o tapete e deixá-los cair.
Ilustração: Google Imagens.
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