Mas este é um assunto que se arrasta e o que para mim é inaceitável é o silêncio do Senhor Presidente da República. Ora, se é seu dever pugnar pelo normal funcionamento das instituições democráticas, se se constata que a democracia na Madeira está ferida de morte, se a Autonomia é apenas de papel, se 80.000 madeirenses (30%) são considerados muito pobres, se há uma falência do sistema empresarial com um concomitante desemprego superior a 22.000 pessoas, se os sistemas de educação e saúde encontram-se em colapso, pergunto, uma vez mais, se o silêncio do mais alto Magistrado da Nação não constituirá um abandono à sua sorte de toda esta população?
Fugiram às responsabilidades. |
O grupo Parlamentar do PS-Madeira retirou e bem a Moção de Censura que esta manhã deveria ter sido debatida na Assembleia Legislativa da Madeira. Não faz qualquer sentido que uma iniciativa daquela natureza, pela sua importância política, não conte com a presença de todo o governo e, particularmente, do presidente do governo. A democracia tem regras e manda o respeito pelo primeiro órgão de governo próprio, órgão de quem o governo depende, que o principal responsável compareça na Assembleia para justificar as suas medidas e expor-se às perguntas dos deputados. É a única Assembleia (República e Açores) onde chefe do governo não responde aos deputados. Neste caso, a sua ausência demonstra fraqueza, desrespeito, duas mãos políticas cheias de nada e incapacidade, entre outras matérias relevantes, para justificar o facto de ter escondido a dívida pública, escondido 1.878 facturas relativas a obras que foram executadas entre 2003 e 2010, incapacidade para responder ao drama de 22.000 desempregados e a uma pobreza galopante. A sondagem de hoje, publicada pelo DN-Madeira, retira-lhe a maioria absoluta, mas era seu dever, enquanto primeiro responsável pela governação, submeter-se às perguntas dos representantes do povo. Uma vez mais fugiu, mandando para a Assembleia o Secretário da Educação e dos Recursos Humanos, político jovem, com seis meses de responsabilidades governativas, sem o conhecimento dos grandes dossiês económicos, financeiros e sociais que hoje constituem o drama de toda a população.
Mas este é um assunto que se arrasta e o que para mim é inaceitável é o silêncio do Senhor Presidente da República. Ora, se é seu dever pugnar pelo normal funcionamento das instituições democráticas, se se constata que a democracia na Madeira está ferida de morte, se a Autonomia é apenas de papel, se 80.000 madeirenses (30%) são considerados muito pobres, se há uma falência do sistema empresarial com um concomitante desemprego superior a 22.000 pessoas, se os sistemas de educação e saúde encontram-se em colapso, pergunto, uma vez mais, se o silêncio do mais alto Magistrado da Nação não constituirá um abandono à sua sorte de toda esta população? Só quem aqui vive tem consciência do drama de milhares de famílias, do cofre vazio e da angústia dos empresários. Por razões diferentes, tão importante como o périplo pelo Oriente, esta parcela do território nacional deve merecer do Presidente da República uma atenção especial. Fazer de conta que os problemas não existem torná-lo-á cúmplice do desastre social que se aproxima.
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Caro João Soares
Jardim mostrou a fraqueza a quem? Ao povo superior?
É bom lembrar que aquilo que para os humanos é excremento, é manjar para as moscas...
Caro André Escórcio
Ontem coloquei aqui um comentário mas, pelos vistos, não chegou ao destino.
Dizia mais ou menos isto:
Jardim mostrou fraqueza a quem? Ao povo superior?
Lembro que é tudo uma questão de gosto. Para os humanos, os excrementos não são alimento mas, para as moscas, é manjar.
Já agora acrescento: para o povo superior Jardim averbou ontem uma vitória memorável.
Caríssimo,
Sobre esta matéria, ainda hoje, se tempo sobrar, irei fazer uma reflexão. Um abraço.
Enviar um comentário