Se a decência política, assente na total transparência dos actos públicos, constituísse a regra, só restaria um caminho à Drª Bernardete Vieira, presidente do Instituto da Segurança Social da Madeira (ISSM): o pedido de demissão imediata do lugar que ocupa. E se não se demitisse alguém deveria afastá-la até conclusão de um rigoroso inquérito. E porquê? Narra a edição de hoje do DN-Madeira que o ISSM "arrisca perder uma fortuna,cerca de 16,3 milhões de euros, nos processos de insolvência/revitalização de três empresas do grupo/marca Regency. O instituto presidido por Bernardete Vieira deixou as sociedades geridas pelo empresário Luís Camacho acumularem dívidas das contribuições sociais durante anos e agora pouco pode recuperar desses créditos. A acumular calotes há 14 anos". A Drª Bernardete Vieira tem o dever político de explicar tudo, desde logo em sede de Assembleia Legislativa: entre múltiplas questões, como foi possível tolerar a acumulação de dívidas e o que foi desenvolvido no sentido da sua cobrança. Se existiram ou não acordos de liquidação faseados e qual o grau de incumprimento. Como pensa o ISSM liquidar esta monumental dívida. Mais. Se este é um caso ou existem outros de semelhante gravidade.
Mas não apenas esta Senhora, que exerce a função de presidente do ISSM, tem o dever de prestar esclarecimentos. O secretário regional dos Assuntos Sociais, porque tutela, deve pormenorizadas explicações políticas. O assunto é muito sério e grave, pois qualquer cidadão que leia a peça do jornalista Miguel Fernandes Luís fica, obviamente, apreensivo. Parece existirem uns protegidos em relação a outros a quem nada se perdoa. O exercício da política exige RIGOR e TRANSPARÊNCIA. Não pode ser um espaço de desconfiança. E razão tem o dirigente do Sindicato da Hotelaria, Adolfo Freitas, quando considera "surpreendente não só o volume de dívidas" acumulado pelas empresas da marca Regency "como também o à-vontade" das sociedades e dos gestores que as criaram. "Qualquer cidadão normal fica preocupado quando contrai uma dívida, pois sabe que se não pagar terá a banca, as Finanças e a Segurança Social à porta para lhe penhorar o salário ou qualquer património que tenha. Agora, as empresas desta envergadura acumulam dívidas atrás de dívidas e nem o Estado nem a Segurança Social põem travão", lê-se nas declarações publicadas no DN-Madeira.
Lembro que o Dr. Roque Martins, anterior presidente, apenas por dizer a verdade sobre a taxa de pobreza na Madeira, foi dispensado. Agora, não é a taxa, são milhões em dívida que precisam de uma justificação pública. Quem deixa uma situação destas chegar ao ponto que chegou, politicamente, não tem condições para assegurar o lugar que ocupa.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário