Entre centenas de situações que poderiam aqui ser desenvolvidas, pergunto: qual a dificuldade em colocar a tempo e horas os professores? Só por vícios de muitos anos, incompetência, negligência e economicismo; como admitir, passados 40 anos de Abril, a junção de turmas? Só por visão estrábica do que é a pedagogia no actual quadro organizacional do sistema e grave inabilidade para tratar os assuntos da Educação; como proibir que os professores falem, livre e sem peias sobre a realidade? Só por medo, mentalidade retrógrada e princípio de Peter; como admitir a intencional não vinculação de centenas de professores que coarcta o futuro de muitos quanto à sua estabilidade profissional e familiar? Só porque, quem decide, se esqueceu, rapidamente, do seu passado sindicalista; como assumir essa “absoluta normalidade” quando o sistema se mostra erigido sobre areia e quando o momento é de angústia? Só por cegueira política e tentativa de enganar-se a si próprio, já que junto da comunidade educativa tudo isto e muito mais é motivo de sofrido gozo.
Tudo se encontra em “absoluta normalidade”: os estabelecimentos de educação e ensino com orçamentos limitadíssimos, bloqueados na possibilidade de executarem projectos educativos portadores de futuro, a que se junta a gravosa situação de equipamentos didácticos obsoletos ou em fim de uso; a complexa burocracia que os invade pela existência de papelada que nada resolve o desejável rigor e qualidade; a absurda e inqualificável avaliação do desempenho docente, nada formativa, que atira professores contra professores, deslocando o centro das preocupações educativas do aluno para o docente; as instalações a necessitarem de manutenção e muitas outras que não funcionam; a insensibilidade na inclusão dos portadores de necessidades educativas especiais; as dívidas aos professores contratados, por caducidade de contrato, na ordem de € 1000,00 a cada um; o bloqueio das carreiras apesar de cumpridas as avaliações, o que põe em causa a Autonomia Política e Administrativa da Região; a indisciplina e uma certa violência consequência de uma preocupante pobreza que chega à escola, reveladora de desestruturações familiares, desemprego e de uma mentalidade não co-responsável; a paranóia do aumento do número de horas passadas na escola, ignorando um tempo para ser criança e a oferta educativa fora da escola; a demência pedagógica de quem aceita exames no 1º e 2º ciclos, ao contrário de uma rigorosa avaliação contínua; o pagamento de mensalidades na fase pré-escolar, injusto, desumano e de clara dupla tributação, quando a justiça social se faz em sede de IRS, enfim, tanto que o sistema precisa de trabalho e projecto! Só que para ele, o secretário, isto é treta, porque existe uma “absoluta normalidade”. Ou melhor, digo eu, subsiste uma normal anormalidade.
NOTA: Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.
NOTA: Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário