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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

CONSTRANGIMENTOS


Comportamo-nos como certa gente deseja: ter a opinião que o melhor é não ter opinião. Ainda se fala muito baixinho, por medo,  não sei. Talvez. Eles conseguiram o que há muito desejavam, que a população, porventura assustada, recuasse e se remetesse à sua área, tentando, apenas, defender-se dos contínuos ataques. Nota-se um silêncio que os sociólogos deveriam explicar, não eu que apenas constato e, porventura, menos bem. Dou um exemplo que pode explicar alguma coisa, como pode não ter significado algum: as páginas de facebook. Postam uma fotografia, de uma paisagem, de família, de um passeio, de um jantar, de uma frase do Dalai Lama, um qualquer pensamento que ficou para a História, uma foto do mundo da moda, um jantar, jogos (muitos), vídeos de gatinhos, cães e outros, enfim, qualquer coisa interessante mas inócua, até um bom dia ou boa noite e logo aparecem dezenas e dezenas de leitores a lá colocarem um "gosto", um comentário e a fazer despertar, muitas vezes, o debate. Pelo contrário, postam um assunto mais sério, uma reflexão que toque na vida de todos nós e a percepção que tenho é a da fuga, isto é, não me comprometam.  Será assim? 


Esta constatação não sei se é verdadeira. Segui, durante alguns dias, algumas páginas, e foi aquilo que depreendi. Deve ter uma explicação. Eu, por exemplo, sigo poucas páginas. Escrevo e não me preocupa quantos leram, mas preocupa-me a ausência de algum debate mais profundo e livre. De resto, o FB não deveria servir, apenas, para a convocação de encontros de jovens, quando os jovens, certamente, têm muito a dizer face à ausência de esperança. 
Não sei se em assuntos políticos, eu diria de abordagem mais séria, se existem constrangimentos, mas constato um certo recuo. Fiquei com a sensação de serem sempre os mesmos a demonstrar algum interesse. O Facebook é um exemplo, mas existem outros sinais. No contacto com as pessoas, em alguns artigos de opinião, entre os governantes de "meia tabela para baixo", o sistema foi pensado em função da limitação da liberdade e da autonomia individual. Colectivamente, ainda não despertámos para as realidades que só através de um ambiente colectivo poderão mudar o rumo às coisas. E o FB parece-me ser um importante meio. Será uma falsa percepção da minha parte ou será que é mesmo assim? Será, apenas, na Madeira, ou em todo o espaço nacional? Está aberto o debate, porque disto pouco ou nada sei!
Ilustração: Google Imagens.     

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