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domingo, 14 de setembro de 2014

MIGUEL DE SOUSA FEZ UM UPGRADE E ACTUALIZOU O SOFTWARE POLÍTICO?


Três páginas do DN-Madeira, mais uma primeira de alto a baixo, a falar grosso. Assim o fez o Dr. Miguel Sousa. Não foi um cidadão qualquer que o fez, quase como girândola política do que tem vindo a assumir, foi o vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, primeiro órgão de governo próprio da Região e ex-vice-presidente do governo regional da Madeira. Não sei se terá mais a dizer depois do que assumiu. Quem chegou à Madeira na manhã de ontem e se predispôs ler as suas declarações, certamente, ficou estupefacto: como é possível, na "terra do Jardim", o "absolutista e decapitador político" alguém se atrever a dizer tanto contra o seu próprio partido, contra o governo e continuar intocável! Não fora o enquadramento da entrevista e estaria a pensar que o fatinho político pertencia a alguém da oposição. Aquele bombardeamento fez-me lembrar, em Guileje, nas matas da Guiné, o obus 140mm que, ao tempo, assustava na sequência da ordem de fogo. Miguel de Sousa praticamente cobriu todas as grandes denúncias feitas pela oposição ao longo de muitos anos. Disparou forte e feio contra os membros do governo PSD e contra o seu partido, o que me leva a dizer que esta entrevista merece ser lida e interpretada com todo o cuidado pela oposição.



"Com a verdade me enganas" pode ser uma outra leitura política porque Miguel de Sousa tem contra si o facto de só agora a luz ter iluminado a sua consciência política. Foram muitos anos a assobiar para o lado, a votar a favor muito daquilo que agora contraria ou a manter um silêncio cúmplice. Parece-me que Miguel de Sousa optou, nesta caminhada interna, por fazer um upgrade e actualização do seu software político. Tudo isto parece-me evidente. Porque ele, pressuponho, parte do princípio que o povo, muitas vezes, tem memória curta, e daí esta entrevista (que até pode ser sincera), poder levar muitos a acreditar que ali está a solução, primeiro para o PSD e, depois, para a Madeira. Do meu ponto de vista não está como nunca esteve. 
Mas é uma possibilidade que não deve ser descurada. E o que assisto é ao silêncio, entrecortado com uma única voz que se opõe em assuntos muito sérios e profundos, através dos quais tudo gira, particularmente, os de natureza económica e financeira: o Dr. Carlos Pereira. De resto, lamento dizê-lo, há, por enquanto, um vazio, onde cada um parece estar para seu lado, sem inovação, sem o necessário e frontal contraponto, sem a chama necessária para acabar com 38 anos monocolores. Cada um parece estar a gerir o seu "negócio" feito de cadeiras, confortáveis para alguns, enquanto se enchem páginas e páginas e muitas horas de rádio de uma discussão política a cinco, com a oposição fora do palco. Sinto que os candidatos do PSD estão a esmagar anos de luta, dizendo hoje o que a oposição sempre andou a dizer, quando seria natural uma lógica contrária, de marcação cerrada a quem agora aparece depois de ter conduzido ou ajudado a conduzir a Madeira a um estado de bancarrota. No mínimo, isto é preocupante. 
Não sei que "negócios" existem, não sei o que se passa nos bastidores, para além dos artigos de  opinião, das promessas de programa (parafraseando o Vasco Santana, programas há muitos!) se existem ou não, particularmente entre o PSD, o PS e o CDS, concertações políticas em curso, não sei se o objectivo será repartir a dois ou a três o próximo poder, agora, sei que este silêncio e esta desunião não é normal. É estranho, quando o PSD está completamente esfrangalhado que a oposição esteja na bancada a assistir ao espectáculo. Leiam aquela entrevista e tenham-na em consideração. 
Ilustração: Google Imagens.

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