Lamento que Vítor Freitas não tenha percebido o significado das "primárias" do PS que deu uma clara vitória a António Costa. Lamento que ele (Vítor), apoiante de António José Seguro, não tenha percebido ainda o significado de uma expressiva derrota na Madeira. Lamento que mantenha o seu partido refém dos seus interesses políticos. Teria sido politicamente digno se ontem tivesse feito uma reflexão e colocado nas mãos dos militantes e simpatizantes a possibilidade de umas "primárias regionais", no pressuposto de daí sair o candidato a Presidente do Governo Regional da Madeira. No exercício da política, quer o desprendimento, quer o sentido de visão são determinantes. Um partido não tem dono(s), daí que todos os legitimamente eleitos devem manter a noção que a sua situação é efémera. Os militantes e simpatizantes são muitos mais do que aqueles que compõem as cadeiras de um congresso. Vítor Freitas ainda está a tempo de rever a sua posição, porque esta sua derrota política pode ser entendida pelo eleitorado da Madeira como as primárias do que poderá acontecer nas regionais do próximo ano.
Não escrevo contra o líder do PS Vítor Freitas e toda a sua equipa. Escrevo em função de uma realidade que observo. Apenas sou militante e nada mais do que isso. Podia estar a exercer o lugar de deputado na Assembleia Legislativa da Madeira, mas declinei. Pedi a substituição. Em 2011 coloquei um ponto final na militança activa. Não pertenço a qualquer órgão partidário e assim quero manter-me. Há um tempo para estar e outro para sair. Exerço os meus direitos de militante comparecendo aos actos eleitorais e, quanto muito, se mo pedirem dou o meu contributo nas áreas que julgo poder ajudar. Escrevo, portanto, de uma forma livre, sincera e preocupada. O PS-M não é e não pode ser um partido de protesto. É um partido de poder. Para isso terá de preparar-se e demonstrar a força necessária para ser um poder de mudança e transformação. E o sentimento que tenho é que Vítor Freitas parece contentar-se com o protesto e não com a sociedade eleitora. Paradoxalmente, ontem à noite, afirmou: “(...) senti ao longo de todo este processo que havia uma onda na sociedade civil e também no partido que apoiava António Costa (...)". Pergunto: de que estará à espera quando a dita sociedade civil está atenta?
Alguns dirão, sim, mas nas autárquicas o PS-M teve um resultado relevante. Pois, mas não comparemos autárquicas que têm um cunho muito pessoal e localizado, com umas regionais onde as preocupações são outras. O PS-M apresentou, em 2011, uma excelente equipa para governar e um programa bem estruturado. E o que aconteceu? Seis deputados! Um dos piores resultados de sempre. Não tinha a sociedade eleitora do seu lado. Foi um resultado injusto? Foi, mas, repito, não tinha a sociedade eleitora do seu lado. Terá sido castigado pela onda nacional de direita que varreu o país? Talvez. Mas agora há uma nova onda nacional, de sentido contrário, que também chegará à Madeira. Como aconteceu em outros actos eleitorais. E essa onda tem de ser cavalgada com pessoas e dinâmicas face às quais o povo eleitor se reveja. Penso que é óbvio.
Repito, o Vítor ainda está a tempo de repensar a sua posição de intransigência, ao jeito de daqui não saio, daqui ninguém me tira. O PS-M terá de abrir-se à sociedade sob pena de ser ultrapassado pela dinâmica política dos mesmos de sempre, agora travestidos de democratas e de salvadores da Região e que tentam convencer o povo que nada tiveram a ver com os 38 anos de poder consecutivo! Só lhe ficará bem (ao Vítor) abrir o partido a umas "primárias" que servirá de contraponto político ao espectáculo que está acontecer na política regional com "os cinco" do PSD. Sugiro, entretanto, porque posso estar totalmente enganado, que se submeta a uma sondagem onde figure ao lado de outras pessoas!
Ilustração: Google Imagens.
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