E não estou só. Há muita gente, políticos, comentadores e portugueses em geral que são de opinião que as privatizações já foram longe de mais. O nosso País começa a ficar irreconhecível, face à entrega aos interesses estrangeiros dos nossos sectores estratégicos. Estamos a ficar sem os anéis e sem os dedos!
A TAP é um desses sectores estratégicos.
Sei que, inevitável e paulatinamente, passámos a viver em um mundo global (ainda bem) e que pertencemos a uma comunidade europeia, mas rejeito, liminarmente, que deixemos de ter fronteiras, percamos a nossa identidade nacional, sejamos um joguete no meio dos grandes e obscuros interesses económicos e financeiros, que nos imponham como devemos ser, que deixemos de ter direito de escolha sobre os caminhos do futuro e que fiquemos, tal como a maioria dos países da UE, subordinados a uma cartilha (direito europeu) que nos devora a cada instante. Sou europeísta, mas não por uma UE dominada e dominadora. No mesmo plano coloco o FMI, hoje uma instituição completamente desenquadrada dos objectivos que conduziram à sua criação em 1944.
Regresso à TAP. Escutei o comentário, na SIC, de Miguel Sousa Tavares, que se mostrou a favor de "qualquer medida que se possa tomar contra a privatização da TAP" (...) "Não vi até hoje uma única razão sólida para a privatização da TAP (...) O que tenho visto é uma estratégia que parece conduzir à liquidação da TAP." Miguel Sousa Tavares é contra a privatização, logo, a favor da greve anunciada pela plataforma sindical.
Ora, toda a greve, seja em que sector for, por altura do Natal ou em qualquer outra época do ano, naturalmente que prejudica o país. Mas é uma arma que os cidadãos têm para dizerem basta. Ainda ontem, a Bélgica paralisou de Norte a Sul, como protesto ao recém-empossado governo de direita para reduzir em 11 mil milhões de euros os gastos nos próximos anos e aumentar em dois anos a idade de reforma. Disseram basta, chega!
O mais interessante é o governo português alinhar pelo come e cala-te (da Troika para o País e do governo para os cidadãos) ao mesmo tempo que pede bom senso aos sindicatos, quando ele, governo, notoriamente não o tem. E a questão é sempre esta: se é bom para o privado, por que razão não é bom para o Estado?
Ilustração: Google Imagens.
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