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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

DESEMPREGO ASSUSTADOR


"O número de desempregados inscritos no Instituto de Emprego da Madeira voltou a aumentar em Novembro passado, havendo agora 22.808 pessoas disponíveis para trabalhar mas que não encontram uma oportunidade no mercado. São mais 482 desempregados do que no mês anterior, um agravamento de 2,2 por cento" (DN-Madeira). Isto sem contar com os que emigraram e todos aqueles que se encontram em programas temporários de formação ou em estágio profissional. No entanto, quem vagueia pela cidade, no meio de tanta cor e animação, parece que se vive no melhor dos mundos; quem entra nos centros comerciais e perpassa um atento olhar pelos corredores e lojas, imagina que esta é uma terra de bem-estar. A realidade, porém, é bem diferente. Atesta-a os arrepiantes números. Diz o governo regional que não lhe compete criar empregos, que essa é tarefa das empresas. Embora sendo verdade, a questão é outra: não cria empregos, certo, mas tem o dever de gerar políticas económicas que conduzam à criação de empregos. E isso é coisa que não é perceptível a avaliar pelo crescente número de desempregados. 


Mas há qualquer coisa que me parece não bater certo entre a aparência e a realidade e que deveria ser motivo de profunda reflexão, até porque a situação não seja nova. É evidente, pelo que tem sido público, que as instituições de solidariedade social não têm mãos a medir relativamente ao esbatimento das carências. Sabe-se, também, que existem muitos gestos de solidariedade dentro das próprias famílias. Há muita gente que, mutuamente, se ajuda. E também parecem ser evidentes dois outros aspectos: desde logo, que por aí fora, a pobreza é atenuada pela agricultura de subsistência (há mais campos agricultados); depois, prolifera a economia paralela. O biscate. É o pedreiro que desenrasca, o electricista, o carpinteiro, o pintor, o jardineiro, o mecânico, enfim, tantos, sem recibo, que vão aqui e ali, ganhando algum que proporciona esse aparente bem-estar, mas com reflexos muito negativos no futuro. Virão, mais tarde, as pensões e reformas de miséria e a manutenção da pobreza. 
Ora, perante isto, não é sensível uma actuação ao nível de políticas integradas que, face a uma região estruturalmente pobre, dependente e assimétrica, alimente um projecto de esperança no sentido de uma sociedade mais equilibrada e justa. Eu diria que o governo "funciona"! A máquina está velha, ultrapassada, portanto, incapaz de produzir no quadro das actuais necessidades, mas funciona, isto é, também desenrasca! 
Aos mecânicos da velha máquina, incapazes, resta-lhes cruzar os braços e alinhar no folclore político, nas coisas menores, isto é, no rodopio das visitas, na presença em sessões disto e daquilo, nas declarações de circunstância que, ou são óbvias ou já conhecidas, mas nada que potencie uma visão de futuro. A máquina parece uma velha caterpílar. Mais a sério,trata-se de um filme visto e revisto durante muitos anos, que não traz nada de novo, com cenas repetidas e desesperantes. Falta capacidade para ver para além do horizonte, porque há uma clara ausência de referências. É, por isso, um drama assistir a este arrastar político, onde muitas vezes a ideia que resta é a de uma grande preocupação pela imagem do que propriamente pelo futuro dos madeirenses e portosantenses. Ah, e pagar as dívidas da megalomania. 
Ilustração: Google Imagens.

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