São factos, não são histórias de mesa de café. Confronto-me perante as seguintes peças da comunicação social: 1. não há dinheiro para pôr em marcha um novo hospital, por isso, toca a engonhar; 2. não há dinheiro no SESARAM (o governo promete pagar as despesas de 2014 em 2016) para reembolsar os doentes com fracos recursos, pelo que desistem "(...) de prosseguir os tratamentos de rádio e quimioterapia no Instituto Português de Oncologia (IPO) em Lisboa devido aos sucessivos atrasos nos pagamentos das despesas de alojamento, alimentação e transporte pelo Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM)"; 3. a "Campanha Saco" do Banco Alimentar Contra a Fome, conseguiu um total de 33 toneladas e 520 quilos de alimentos para matar a fome a muita gente; 4. Miguel Albuquerque, presidente do governo regional "vai pagar a dívida de 6,6 milhões de euros da Empresa Jornal da Madeira, em dois empréstimos, até ao ano de 2024, revela o Jornal Oficial da Região". O Executivo pretende privatizar esta empresa, assumindo o passivo de 52 milhões de euros e investir 1,1 milhões de euros em 2016"; 5. a Justiça aplicou € 240,00 de multa a pessoas que protestaram durante a visita do ex-primeiro-ministro Passos Coelho ao Porto Santo (reclamavam melhores transportes);
Isto é, come e cala-te. Não te manifestes porque pode ser pior. É o silencioso MEDO que anda por aí a fazer o seu percurso. Ninguém pode negar a fome, porque se ela não existisse não fazia sentido o Banco Alimentar e tantas outras instituições que mitigam as carências, mas há dinheiro para pagar 52 milhões de euros de passivo do Jornal da Madeira. Não há dinheiro para pagar, atempadamente, as despesas dos doentes deslocados (nos Açores os pagamentos são antecipados), mas há dinheiro para pagar às sociedades anónimas desportivas (são empresas) para andarem na competição nacional. Em síntese, não há dinheiro para o que é prioritário, mas há dinheiro para o despesismo; não há dinheiro para o subsídio de insularidade, mas há dinheiro para o supérfluo; não há dinheiro para devolver a dignidade de vida aos mais vulneráveis concedendo-lhes um complemento à magríssima pensão que auferem, mas há dinheiro para as megalomanias de que se alimenta o regime. Come e cala-te ou, então, terás uma multa para pagar. É a "renovação"... estúpido, dizem-me.
Nota final. Li que o projecto "Grita que eu escuto" de Responsabilidade Social, ligado à Quality Business, empresa de que Alan Borges é proprietário, irá proceder à doação de duas cadeiras de rodas ao Hospital Dr. João de Almada, no dia 17 de Dezembro, às 15 horas, aproximadamente, e que terá como principal objectivo chamar a atenção para a importância da solidariedade" (DN-Madeira). Ainda bem que há gestos de solidariedade perante o vazio solidário de quem, em primeiro lugar, deveria pautar a sua actividade política pela SOLIDARIEDADE. Que raio de sociedade esta que continua a encolher os ombros e a aceitar o come e cala-te!
Ilustração: Google Imagens.
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