O secretário regional da Educação mostrou-se muito feliz pelo facto de alguns alunos (e escolas) arrecadarem prémios nacionais. Segundo o governante tal advém da "qualidade dos nossos projectos e do empenho das nossas escolas e dos nossos professores". Há prémios na "ciência", no desporto, em textos literários, no canto, no teatro, o que não faltam são prémios na sequência de uma prova ou concurso. Há que felicitar, obviamente que sim. Só que isso, porque são excepções, não deve servir para apagar ou tornar translúcido o pobre sistema educativo que dispomos. É porque ao lado desses louváveis e naturais destaques, a Madeira regista, também, taxas de abandono escolar e de insucesso que a todos nos envergonham. Um "pódium" de "medalhas" pela negativa! Da mesma forma que existe uma ausência de financiamento do sistema educativo e uma acção social educativa que continua a ser indecorosa. Ao lado dos "prémios", orgulho do governo, a fome existe, face à qual, tantas direcções executivas desdobram-se para esbater as privações com efeitos extremamente negativos no processo ensino-aprendizagem. Mas isso parece que pouco interessa!
O secretário disto não fala, nem programa político de combate apresenta. Fica-se pela visita a uma escola que obteve um prémio! Se eu fosse um dos professores envolvidos dispensava esses elogios envenenados. Só pessoas distraídas ou governantes com manifestos desejos políticos de aparecerem por algum motivo é que ligam às palavras que traduzem uma mão sobre o pêlo dos professores, quando, em tantas e tantas situações, não só não são ouvidos como são ostracizados. Há professores, há que dizê-lo, que fazem das tripas coração para terem algum sucesso.
Ainda anteontem aqui deixei uma entrevista ao Professor Joaquim Azevedo, Doutorado em Ciências da Educação. Pessoalmente e, estou certo, milhares de professores ficariam felizes por saber que o secretário pretendia mudar este sistema educativo que é anterior ao Século XVIII. Os "prémios", esses, atravessaram estes três séculos. Provavelmente, ficariam muito mais entusiasmados pelo anúncio de uma mudança de paradigma susceptível de garantir, não mais um prémio, mas o grande prémio de uma Escola concordante com as necessidades deste novo tempo. Este governo fica-se pela "terminação", não almeja o prémio maior. Infelizmente. É que, depois de mais de quarenta anos de luta por um sistema que torne feliz toda a comunidade educativa, dou comigo a ler um texto sobre um "prémio" que, no máximo, deveria contar com a comunidade educativa daquela escola e não com a presença do principal governante do sistema. Ao governante estão cometidas outras funções, bem mais importantes do que a fotografia da sua promoção.
Ilustração: Google Imagens.
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