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domingo, 5 de março de 2017

A PROPÓSITO DE DECLARAÇÕES "MONÓTONAS"


Tem sido monótono, sim senhor, Senhor Secretário da Economia da Madeira. O discurso de há 40 anos pauta-se por uma espantosa monotonia. Em todos os sectores e áreas de actividade. O curioso, porém, é essa uniformidade no tom discursivo, essa ausência de vigor, essa narrativa que empurra para os outros culpas próprias, não ter sofrido a mínima mudança nos que se dizem adeptos da "renovação" política. O secretário arquitectou, ouvindo poucos, o "monstro" do designado "subsídio de mobilidade", agarrou-se com unhas e dentes à Portaria como a que melhor defendia os interesses dos insulanos da Madeira nas ligações com o espaço continental, ao longo do tempo continuou a defendê-la apesar da chuva de críticas, porém, quando outros, concretamente o Deputado Carlos Pereira, coloca o dedo na ferida, aí o tom discursivo muda, ele é "monótono", por não trazer nada de novo, ao mesmo tempo que, sacudindo as responsabilidades primeiras, empurra o problema para a República. Isto é, o sistema por si aprovado é o melhor de sempre, mas, qual paradoxo, a culpa é do Terreiro do Paço que não corrige o que muitos dizem conter fragilidades e constituir um atentado à paciência e à carteira dos madeirenses e portosantenses.


Repito, tem razão o secretário da Economia, a sua é uma lengalenga muito "monótona". Foi, porventura, a oposição que definiu um tecto de € 400,00? Foi a oposição que impôs a necessidade de aguardar 60 dias quando o pagamento é concretizado com cartão de crédito, como se este não fosse um meio legal de pagamento? Foi a oposição que gerou as condições para fazer disparar os preços das ligações aéreas? Foi a oposição que tramou os estudantes? E foi a oposição que impôs que uma ligação para fora do espaço continental não pudesse beneficiar do pagamento da tarifa de residente? Tantas as perguntas que podem ser feitas e que já foram colocadas. Os outros, porém, é que são "monótonos". No caso do secretário em causa, cujo discurso, através de comunicados, só encontra paralelo em tempos que já lá vão (ou será que se trata do mesmo tempo?), interessante e compreensível seria, com humildade política, pedir desculpa aos madeirenses pelos erros cometidos e plasmados na Portaria em causa, depois, dar corda aos sapatos e procurar uma rápida solução que não passa pela via institucional das "cartinhas" e do espavento na comunicação social.
Já agora, embirro com a designação de "subsídio de mobilidade". Os madeirenses não devem ser "subsidiados", mas devem pagar um valor ajustado quando pretendem sair da Região pelas mais diversas razões. O preço é x e ponto final. É assim  que entendo a continuidade territorial. A palavra subsídio arrasta consigo a ideia de benefício e de auxílio financeiro a quem passa dificuldades. E não é isso que deve ser equacionado, mas sim o valor justo e comparável a uma deslocação de Vila Real de Santo António, de Valença ou de Rio-de-Onor com destino a Lisboa. Uma proposta do PCP que entendo muito aceitável como ponto de partida. Somos portugueses com uma dificuldade acrescida, a de termos nascido e vivermos no meio do Atlântico. Apenas isso. Portanto, subsídio, não, obrigado. Tarifa justa, claro que sim.
Ilustração: Google Imagens.  

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