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domingo, 15 de novembro de 2009

INDEPENDÊNCIA

Tenho, desde há muito, uma relação de grande cordialidade com o Senhor Deputado Gabriel Drumond, do PSD-M. E sei, também, que sou correspondido nessa atitude cordial. E, às vezes, até desconverso com ele a propósito da independência da Madeira. Ele ri, eu dou uma sonora gargalhada e ficamos por aí.
Só que o assunto é muito sério e não é para risotas de circunstância. De facto, entendo eu, que não se trata de uma "mania" do Senhor Deputado e estou quase certo que ele comunga da minha opinião. Ele, lá no fundo, sabe que é uma voz sem eco, isto é, sem expressão na Madeira e que tudo o que diz faz parte de uma encenação, quando conjugada com outras declarações partidárias menos frontais, portanto, mais subtis.
Eu diria que alguém tem de desempenhar esse papel e o Senhor Deputado Gabriel Drumond presta-se a isso. É a minha convicção. Se assim não fosse, seria lógico que o Senhor Deputado, que tantas vezes aponta, já tinha disparado, isto é, já tinha apresentado profundos e sistémicos estudos de viabilidade. E nunca o fez. Já tinha metido pés ao caminho para provar a consistência da sua teoria. Nunca o fez. Apenas debita, de quando em vez, para manter a "chama", umas frases soltas, que de tanto repetidas já ninguém as leva a sério.
Pessoalmente, admiraria o Senhor Deputado se, em sede própria, na Assembleia, tivesse a coragem de apresentar, não discursos de circunstância, do tipo dó, ré, mi (...) ou, então, do género "timex", que não adiantam nem atrasam, mas trabalhos sustentados nas vertentes da economia e das finanças e respectivas repercussões em todos os sectores e áreas de actividade política. Que se expusesse publicamente e defendesse uma tese, que criasse debate em redor do que, aparentemente, diz defender. Só por aí os seus posicionamentos ganhariam credibilidade, porque não basta debitar umas coisas e ser provocador mas na ausência de sustentabilidade e de fundamentação teórica.
Portanto, aquilo que ouvi, julgo que na RDP-M, do ponto de vista político, não passa da tal provocação que nasce e morre ali, pese embora faça parte de uma liturgia partidária mais global que se baseia na pressão, na afronta e na ameaça. Enfim, não passa de um paleio que de tanto repetido já pouca graça tem. Certamente, nem para uma gargalhada quando nos cruzarmos na Assembleia.

1 comentário:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Perdoe-me pela demora em comentar mas hesitei em o fazer. Sou amigo de longa data de Gabriel Drumond. Ele é meu primo por afinidade. Admiro-o em muitos aspectos, mas tenho grandes discordâncias quanto às suas opções partidárias. Assunto que abordamos serenamente quase sempre que nos encontramos.
Um dia disse-lhe que a melhor maneira de resolver esta guerrilha é alterar a Constituição e reconhecer o direito de autodeterminação e independência às Regiões Autónomas. Sendo assim, referi-lhe, com uma ponta de ironia, que se deveria fazer um referendo na Madeira. Caso os madeirenses dessem o sim à independência, o assunto ficaria encerrado de vez. Porém, caso optassem pelo não, teria de haver um referendo no resto do País, para se saber se os restantes portugueses concordam...