Não há volta a dar. O que lhe sobra em legitimidade democrática, distancia-se em legitimidade política. As sucessivas alterações na equipa de governo e a fragilidade que é sensível de mudança em mudança, estão a determinar um descrédito aos olhos de qualquer cidadão. Pior, ainda, quando as alterações são acompanhadas de um claríssimo reboliço partidário, de umas personalidade contra outras, traduzidas nos actos de governação, nas declarações e artigos de opinião, parece-me óbvio que a legitimidade política perdeu sentido. Caminha, penosamente, para o seu fim.
Ou não existe mais por onde recrutar ou, questionar-se-á, quantos, desde a primeira hora, negaram os convites do Dr. Miguel Albuquerque? É, no mínimo, estranho, que, agora, convide o Dr. Pedro Calado para o governo, para pastas altamente sensíveis, saltando de uma importante empresa (AFA) onde foi administrador, com marca e influência na Madeira e negócios em curso. Não está em causa a sua honorabilidade, está em causa sim a leitura política que pode ser feita, para mais, ainda, quando esteve na Câmara do Funchal e deixou para a vereação seguinte uma dívida superior a cem milhões!
O caso da Drª Paula Cabaço é, politicamente, arrepiante ou de difícil explicação. Assemelha-se a um árbitro, em completo desnorte, que "inventa" uma grande penalidade e, logo depois, faz vista grossa a um golo marcado com a mão. Ora, caracterizou-a como pessoa que estava "a dormir" no Instituto do Bordado, do Vinho e do Artesanato, mandou-a borda fora e, dezanove meses depois, "inventa" a qualidade que disse não ter, recrutando-a para secretária com a importante pasta do Turismo. Politicamente, não bate certo.
Sinceramente, enquanto cidadão, no plano político, já não sei quem está a mais: se os secretários, se o presidente do governo!
Nos próximos tempos a mixórdia tem todas as condições para continuar. A tempestade perfeita aproxima-se pelo desmembramento interno, pela incapacidade de uma governação com sentido e responsabilidade e pela fragilidade política do conjunto dos elementos que fazem parte do governo. Nas eleições autárquicas, o povo, apercebeu-se e deu mais um evidente sinal que pretende trilhar outro caminho. Indiscutivelmente, o Dr. Miguel Albuquerque tem legitimidade para governar, mas o bom senso deveria aconselhá-lo a estar acima de tudo, poupando os madeirenses e porto-santenses a este espectáculo com consequências muito negativas. O prazo de validade acabou!
Ilustração: Google Imagens.
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